Continua a história da existência de Lestat. Aqueles que criou parecem ser em tudo incompatíveis com a sua forma de ser e, demasiado temerário para o seu próprio bem, Lestat dará início a um percurso que o levará até ao distante Cairo, na sua constante busca pela explicação para as mil incógnitas da sua natureza. Será, também, no seu percurso de perda e de superação que Lestat tomará conhecimento dos mais antigos entre os da sua espécie e descobrirá a verdadeira origem daquilo que é.
Se já a primeira parte desta história era, na totalidade, envolvente e marcada por momentos de grande intensidade, este segundo volume supera em muito a narração dos acontecimentos anteriores. As perdas são mais intensas. As separações incrivelmente dolorosas. E o fascínio inevitável na estranha personalidade que é Lestat ganha uma outra visibilidade quando em comparação com os outros intervenientes desta parte. Marius, em particular, é todo ele uma criatura de fascínio, quer pela sua história marcante, quer pela sua própria atitude perante a sua vastíssima vida e o grande segredo que deve guardar. O elo que se estabelece entre ambos, portanto, é intenso e os sentimentos que os unem são profundos, mesmo apesar de todos os erros provocados pela temeridade de Lestat.
Intensidade emotiva, circunstâncias misteriosas e de busca constante e uma grande reflexão sobre os assuntos da vida e da morte são conjugados, na medida certa, para dar vida à história de um protagonista que, constantemente dividido entre a certeza da sua malevolência e os seus impulsos de um amor aos mortais que o torna demasiado humano, parece ser ele mesmo a causa primordial do seu sofrimento. E quando a narrativa do seu passado é concluída, completa-se ainda o enredo com um reencontro com Louis, numa série de momentos marcantes que culminam num final intenso e que abre já caminho para o que se seguirá em A Rainha dos Malditos.
Uma lenda complexa, numa abordagem intensa e marcante à natureza de uns vampiros que, de uma forma profundamente obscura, continuam a ser poderosamente humanos. Muito bom.
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