sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Voo Nocturno (Antoine de Saint-Exupéry)

Num tempo em que os voos nocturnos eram motivo de discussão pelos perigos que representavam, esta é a história de uma esperança e de uma ameaça. A história de Fabien, no seu voo ameaçado pela tempestade. A de Rivière, determinado a provar que os voos nocturnos não são motivo de medo, mesmo que isso implique ser cruel e injusto. E a de todos os que viviam nessa circunstância de medo das possibilidades, dos pilotos que conseguiam atingir o seu destino, das mulheres que esperavam, com todas as suas forças, que os maridos pudessem regressar a salvo, da estranha hierarquia que ditava que um homem pudesse sentir carinho para com os seus subordinados, mas que nunca o poderia dar a conhecer.
Escrito de forma quase poética, alternando momentos de tensão onde personagens têm de agir como extremamente insensíveis, com instantes de profunda sensibilidade, este é um livro que, desde o início, coloca perante o leitor a estranha sensação da tragédia ainda por surgir, mas, apesar da constante ideia de que tudo poderá acabar mal, é o sonho que se entrelaça na tensão da dúvida, na insistência em alcançar o objectivo, para criar momentos de verdadeira esperança que fazem duvidar se o final será mesmo aquele para que todas as circunstâncias apontam.
Marcante, por vezes cruel, dolorosa em diversas circunstâncias, esta é uma história que, apesar da sua brevidade, permanece na mente do leitor, não só pela força emotiva, mas pela forma como a esperança - mesmo num cenário tão sombrio - prevalece, constante, em cada acto. Um livro pequeno, mas com um grande conteúdo.

1 comentário:

  1. Olá Carla,

    Gostei muito do teu apontamento sobre o Voo Noturno. O Museu do Ar lançou-me o desafio de contar a historia do Voo Noturno para assinalar o dia Mundial dos Museus. Será que me podes ajudar a fazer um resumo da histtória?
    casadascenas@gmail.com (jozé Sabugo)

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