Procurados por ambas as facções em conflito, Marko e Alana continuam em fuga. Mas já não estão sozinhos, pois a entrada em cena dos pais de Marko traz consigo novas tensões e revelações. O destino, esse, é ainda incerto, mas uma coisa é clara: a perseguição não vai parar. E, entre a desconfortável relação familiar, a necessidade de escolher um destino e os inesperados perigos que espreitam de toda a parte, também o passado começa a ganhar forma. Afinal, algo teve de acontecer para aproximar tanto dois inimigos - e a verdade é que os dois povos em guerra têm muito mais em comum do que imaginam.
Há algo de absurdamente fascinante como basta um rápido olhar às primeiras páginas para voltar a mergulhar de cabeça no mundo e na história desta saga. Basta um olhar e tudo o que vem de trás surge imediatamente na memória, bem como a necessidade irresistível que ficou de saber o que mais está reservado para este improvável casal. E, além de estranhamente reconfortante, esta familiaridade imediata tem outro efeito poderoso: basta um olhar e estamos lá dentro. E, a partir daí, há sempre algo de notável a acontecer.
Outro aspecto que sobressai, e que vinha já também do volume anterior, é o equilíbrio entre a complexidade do mundo, a força das personagens e a intensidade das emoções. Sempre foi fácil simpatizar com Marko e Alana, mas, à medida que os acontecimentos evoluem, o laço vai-se tornando mais profundo. E, claro, além dos muitos e brilhantes momentos emotivos, não faltam cenas de acção, momentos de perigo e uns quantos deliciosos laivos de humor a acrescentar leveza a esta corrida contra o tempo... e contra o mundo.
Escusado será dizer que tudo isto ganha vida não só no desenvolvimento da história e de um conjunto de diálogos particularmente eficazes, mas principalmente a nível visual. A diferença entre os habitantes de Coroa e de Terravista não é apenas de pensamento e de capacidades: são seres diferentes. E, além destes dois adversários principais, há todo um outro conjunto de entidades, todos com as suas características peculiares e visualmente marcantes (como é, por exemplo, o caso da Haste). Cada cenário e cada personagem lembram com a máxima clareza que se trata de uma história de mundos diferentes. E talvez seja também por isso que a já referida impressão de proximidade tem um tão poderoso impacto.
Brilhante no conceito, no mundo, nas personagens, belíssimo em termos de arte e perfeito em termos de enredo, trata-se, pois, de um segundo volume que excede em tudo as já altas expectativas. Mal posso esperar para ver o que acontece a seguir nesta fascinante e maravilhosa aventura.
Título: Saga - Volume Dois
Autores: Brian K. Vaughan e Fiona Staples
Origem: Recebido para crítica
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