Nicholas Shelby está de regresso a Bankside, após uma sombria e perigosa aventura que quase lhe custou a vida, bem como a de Bianca Merton. Mas a paz é algo efémero e não tarda a que Nicholas seja de novo arrastado para o seu segundo papel de espião para Robert Cecil. Paira uma ameaça sobre o reino de Isabel I, na forma de um misterioso físico, alegadamente vindo para curar a doença de Samuel Wylde, mas cujas verdadeiras intenções são bem mais sombrias. Nicholas e Bianca dão por si uma vez mais no meio de uma conspiração que pode, no pior cenário, acabar em guerra civil... e numa morte macabra para ambos.
Um dos aspectos mais impressionantes deste livro é que, sendo o segundo volume de uma série, é incrivelmente fácil regressar a este mundo. Isto resulta em grande parte do desenvolvimento das personagens. Bianca e Nicholas são duas personagens brilhantemente construídas, com um equilíbrio perfeito de força e vulnerabilidade, teimosia e bondade, escuridão e esperança. É, por isso, fácil sentir com eles e compreender as suas reacções, o que, dado o tipo de circunstâncias em que parecem envolver-se, é algo particularmente adequado. Além disso, são igualmente fascinantes nos seus momentos de maior emoção, nas situações mais tensas e nos deliciosos momentos de humor.
Também o enredo em si é bastante impressionante, repleto de momentos de perigo, episódios sinistros e revelações avassaladoras. Nicholas pode não gostar de ser um espião, mas tem bastante talento para isso, e a mente de Bianca é bastante brilhante. Assim, o seu papel crucial, ainda que involuntário, no bloqueio desta nova conspiração não pode senão trazer consigo muitos momentos brilhantes. Além disso, há muitas outras personagens a dar profundidade a esta intrigante história, bem como um passado bastante fascinante, não só relativamente aos novos elementos, mas também ao passado mais remoto de Bianca e Nicholas.
Há ainda um outro aspecto que importa mencionar, embora possa não ser algo novo para quem leu The Angel's Mark, e diz respeito à escrita em si. O autor tem uma voz magistral na descrição dos problemas das suas personagens e uma capacidade fascinante de dar vida ao ambiente. As páginas parecem voar à medida que percorremos os recantos mais sombrios da Inglaterra de Isabel I, com a ameaça de guerras religiosas, os perigos de professar a fé errada ou aborrecer as pessoas erradas. Há no próprio cenário uma espécie de tensão, e o autor descreve-a brilhantemente.
Misterioso e fascinante, cheio de perigos, intriga e também emoção e humor, uma brilhante história de trevas e fé, na forma de uma conspiração desmontada por dois aliados improváveis. Nicholas Shelby formam a mais intrigante das duplas, e uma que vale muito a pena conhecer. Eu, pelo menos, mal posso esperar para saber o que lhes acontecerá a seguir.
Título: The Serpent's Mark
Autor: S. W. Perry
Origem: Recebido para crítica
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