A Francisca está em maré de azar. Por mais que se esforce, não consegue tirar positiva a matemática, o que significa que está outra vez de castigo e sem telemóvel. E, como se não bastasse, o seu primeiro namoro também parece querer ir por água abaixo, pois o Pedro parece estar desconfortavelmente próximo da sua amiga - e antes arqui-inimiga - Madalena. O que vale é que a Francisca tem sempre muitas ideias para se manter ocupada, seja com as amigas, com a família, a fazer as suas t-shirts ou a lutar para salvar o planeta.
Uma das coisas que é interessante observar neste conjunto de livros é que, embora mantendo sempre as mesmas características essenciais, nunca perdem a envolvência. Talvez porque, tal como o título indica, a Francisca é uma miúda como qualquer outra, o que significa que partilha dos mesmos problemas, anseios, pequenos dramas e grandes aspirações. Além disso, a sua forma divertida de contar as coisas - e importa lembrar que é de um diário que se trata! - faz da Francisca uma personagem próxima. Já conhecemos os seus dramas e a sua personalidade. E, assim, é sempre um regresso agradável mergulhar em mais um dos seus divertidos diários.
Também constante é a simplicidade, que faz especial sentido se tivermos em conta a idade dos leitores a que esta série se destina. É possível que, a um olhar adulto, certos pontos da história pareçam passar demasiado depressa, mas, sendo uma leitura breve, é natural que assim seja. Além disso, também a idade da Francisca é relevante neste aspecto. Afinal, quando somos jovens, tudo muda de um momento para o outro e há sempre muito a acontecer. A brevidade é também um reflexo dessa rapidez.
E importa, claro, destacar um outro elemento recorrente: a consciência ambiental da Francisca. Além de fazer dela uma personagem mais forte, pois é dedicada à sua causa, é uma forma cativante e eficaz de transmitir aos leitores essa mesma consciência ambiental. Seja nas mensagens das suas famosas t-shirts ou nos temas que prepara para o seu canal, a Francisca tem uma mensagem a transmitir. E fá-lo muito, muito bem.
Leve e divertido, mas com uma mensagem relevante, mistura os dramas e descobertas do crescimento pessoal com um tema que é pertinente para todos, independentemente do contexto e da idade. E fá-lo através de uma protagonista irreverente e descontraída, mas com os pés bem assentes na terra. Uma miúda, sim - como já todos fomos. Mas uma miúda muito esperta.
Autores: Maria Inês Almeida e Manel Cruz
Origem: Recebido para crítica
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