sexta-feira, 10 de julho de 2020

Poesia Grega - De Hesíodo a Teócrito

Quando ouvimos falar em poesia grega, há um nome que vem de imediato ao pensamento do leitor comum: Homero. E, contudo, a poesia da Antiguidade não se esgota no autor da Odisseia. Prova disso é este volume, onde nomes tão familiares como Safo e outros que possivelmente só serão reconhecidos por quem já tiver um conhecimento mais aprofundado do tema, convergem num volume tão complexo quanto fascinante - e capaz de nos fazer pensar que, se calhar não sabemos tanto sobre mitologia grega como julgávamos.
É, aliás, precisamente por este aspecto que tenho de começar: é que, na grande maioria dos poemas, de quase todos os autores, abundam os nomes de deuses, heróis e outras figuras de destaque da história e da mitologia da Grécia antiga. Alguns serão mais do que familiares - ainda que acompanhados, por vezes, de epítetos menos comuns. Outros nem tanto. E assim, um dos efeitos secundários desta leitura é chegar ao fim com uma extensa lista de nomes e aspectos a aprofundar.
É também inevitável referir que, sendo uma edição bilingue, provavelmente terá outro impacto em quem souber... bem, grego. Ainda assim, é interessante notar que - pelo menos aos olhos desta leitora comum que achava que sabia umas coisinhas de mitologia, mas nada do outro mundo - pese embora a abundância de nomes, os pormenores estruturais e até mesmo o contexto histórico (que implica, claro, reconhecer mais nomes), a leitura vale por si mesma. Que importa se o nome referido é, aos nossos olhos um ilustre desconhecido, se o próprio poema realça a grandiosidade? Que importa se há coisas que (ainda) não sabemos, se a cadência e a beleza das palavras fascina mesmo assim?
Importa, por último, realçar dois aspectos mais ou menos formais: primeiro, as introduções relativas a cada um dos poetas incluídos neste livro, que permitem compreender um pouco mais não só da história do autor, mas sobretudo do contexto do seu tempo; e segundo, a diversidade de estilos e temas, sempre com os deuses no cerne de tudo, mas abrangendo registos, estruturas e contextos bastante distintos.
É possível que tenha um impacto ainda maior em que tem tiver mais conhecimento prévio. Ainda assim, fica a impressão de um livro onde predomina sobretudo a beleza das palavras, o fascínio de um tempo - e de um mundo, talvez - vastíssimo e a sempre esclarecedora revelação de que há sempre muito mais para descobrir sobre os antigos. A ler, investigar... e depois regressar.

Autor: Frederico Lourenço (tradução)
Origem: Recebido para crítica

Sem comentários:

Enviar um comentário