Pensavam que tudo acabara com a morte de Laura. Estavam enganados. Vai começar tudo outra vez. E o início é uma mulher nua numa auto-estrada, com papéis que anunciam mortes iminentes, sendo uma delas a da desaparecida que assombra o inspector Bowring. Entretanto, Steven está na prisão. Amanda e Jacob estão finalmente juntos... mas não por muito tempo. A entrada de um intruso na casa que partilham deixa Amanda entre a vida e a morte... e a sua luta pela vida no hospital transforma-se em novo desaparecimento. Vai recomeçar a corrida. Bowring precisa de saber o que aconteceu a Katelyn Goldman. Jacob e Steven precisam de encontrar Amanda. E Carla... Carla vive no passado que a moldou em algo de... indescritível.
Uma das primeiras coisas a chamar a atenção neste livro é que, sendo a continuação de O Dia em que Perdemos a Cabeça, mantém todas as qualidades do volume anterior, para lhe acrescentar mais intensidade, mais mistério, mais acção e uma familiaridade tão irresistível que bastam algumas frases para nos transportar de volta para a vida destas personagens. Talvez porque os aspectos mais estranhos são já relativamente conhecidos - o que não quer dizer que não haja outros novos - é mais fácil entrar no ritmo da história. Talvez porque as personagens já nos parecem mais próximas, é quase impossível não ficar a torcer para que tudo acabe bem. E, entre estes dois pontos e o novo desenvolvimento do percurso de Carla, forma-se um fio de tensão forte e intenso, que culmina num final tão cheio de surpresas que é praticamente impossível de descrever.
Outro aspecto que já vinha do livro anterior, mas que atinge novos máximos neste segundo volume, é a teia de relações e ambiguidades. De relações, porque são múltiplos os caminhos que convergem para a casa onde tudo começou e os passos vão-se cruzando. De ambiguidades, porque ninguém é só aquilo que parece. Isto é particularmente marcante no caso de Carla, pois o seu percurso parte de uma genuína inocência colocada em ambiente de reclusão e as consequências que isto trará são, no mínimo, inesperadas. A Carla que vemos no início do livro é uma jovem à procura do amor. A Carla do fim... é algo diferente.
E importa ainda realçar a cadência e a fluidez da escrita, que, num livro com múltiplos pontos de vista e em que todos convergem com igual intensidade para um foco de surpresas e de revelações, cria um contraste poderoso ao contrapor à intensidade da acção e do drama da corrida contra o tempo a introspecção e a descoberta pessoal do percurso de Carla. Além de tornar a leitura mais viciante, esta forma de narrar a história vem adensar o mistério e reforçar relações. O que, mais uma vez, tendo em conta a forma como tudo termina, é algo de poderoso.
A mesma mistura de estranheza e de fascínio - elevada a novos níveis de intensidade. Assim é este segundo volume, que, intenso e viciante da primeira a última página, ultrapassa em muito as expectativas geradas e eleva enredo e personagens a todo um novo pico de intensidade. Cheio de surpresas, de mistério e de emoção, um livro empolgante, em suma. E muito bom.
Título: O Dia em que Perdemos o Amor
Autor: Javier Castillo
Origem: Recebido para crítica
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