quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Lenda do Cisne (Jules Watson)

Antes do seu nascimento, um druida profetizou que Deirdre seria a desgraça de reis. Foi essa uma das razões que levou Conor, rei do Ulaid, a decretar que a criança crescesse em quase total isolamento, enquanto era preparada para vir a ser sua rainha. Mas, contrariamente ao que o rei teria imaginado, Deirdre está longe de ser a jovem meiga e submissa que ele desejava como consorte e será o seu espírito livre a, de certo modo, tornar real a profecia do druida. Porque Deirdre não pode permanecer onde se sente presa e arrastará para a sua fuga três dos melhores guerreiros do Ulaid.
É com bastante atenção até às mais pequenas circunstâncias que Jules Watson cria este romance de magia e de aventura, o que resulta num percurso bastante detalhado através de mais de 600 páginas. A autora apresenta uma visão bastante clara dos cenários e dos poderes em conflito ao longo de toda esta história, o que resulta até num curioso contraste entre os interesses bélicos da maioria dos intervenientes e o simples desejo de liberdade da protagonista. Na verdade, Deirdre é uma personagem invulgar, não só pela sua ligação ao poder sobrenatural, um laço inicialmente discreto, mas que vai ganhando intensidade, mas também pelo seu quase total desinteresse pelos assuntos dos homens, ansiando apenas por se libertar, primeiro de Conor, um homem que não lhe desperta qualquer sentimento positivo, depois da opressão geral dos conflitos e intrigas dos diferentes reinos.
Em oposição à inocência progressivamente quebrada de Deirdre, temos Naisi, o mais velho dos guerreiros que, relutantemente, se viram persuadidos a auxiliar a jovem na sua fuga. Enquanto que Deirdre se alimenta da sua união com a natureza e da sua ânsia de liberdade, Naisi tem ambições. Ele é, afinal, um dos melhores guerreiros do Red Branch e, tanto pelos seus próprios desejos de grandeza como pela incapacidade de Conor para ser rei, Naisi tem as maiores aspirações para o seu futuro.
É este casal a grande essência de toda esta história e, por vezes, parece que a autora se esquece do resto do mundo, centrando-se na descoberta dos sentimentos que unem os dois protagonistas, nos pequenos momentos que caracterizam a sua fuga e os seus planos, nas discussões e nas dúvidas que se colocam entre eles. Isto resulta num ritmo de acontecimentos um pouco lento, já que, enquanto a autora descreve detalhadamente momentos como a relação de Deirdre com o seu poder e os pequenos atritos e grandes rasgos de paixão do casal, a situação em redor parece, por vezes, estagnar.
Por fim, depois de uma longa fuga e de várias tentativas de viver para lá do Ulaid (com as dúvidas, problemas e erros que com essas circunstâncias vieram), a autora conduz o enredo para um final onde a busca e o crescimento dos protagonistas dão lugar a um crescendo de acção, onde a guerra pauta uma série de confusões e a sensação de tragédia iminente prepara, através de alguns momentos bastante emotivos, o caminho para um fecho bastante surpreendente.
Um livro extenso, com uma história intensa e, de modo geral, cativante, apesar de, nalguns momentos, perder para os excessos descritivos uma parte da envolvência. Agradável, por vezes emotivo, pode ter as suas fragilidades, mas consegue ser, afinal, uma história marcante.

2 comentários:

  1. Eis um livro que hei.te comprar num futuro próximo (ou pedir como prenda de anos o mês que vem xD)

    Tem.me suscitado muita curiosidade! =D

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  2. OMG! Ando já há algum tmepo a namorar este livro xD Neste Natal tem d ser meu =D

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