De férias e em busca de algo com que se ocupar, Hugo Marston, chefe de segurança da embaixada americana em Paris, decide visitar o seu amigo Max na sua banca de livros junto ao rio. Faz algumas compras, quase por impulso, e, não tendo consigo dinheiro suficiente, ausenta-se por uma hora para ir em busca de um banco. Volta uma hora depois, a tempo de ver o amigo ser raptado sem nada poder fazer para o ajudar. Mas Hugo não está disposto a desistir e, se foi incapaz de impedir o rapto, então está determinado a fazer tudo o que puder para descobrir o que aconteceu e trazer o amigo de volta. O problema é que o velho Max, com o seu passado secreto e a sua pequena banca, chamou a atenção de gente poderosa. E a própria polícia parece não estar assim tão interessada em desvendar o mistério.
Mistério, acção é um pouco de História, num enredo cheio de personagens carismáticas e com uma intriga elaborada, fazem deste livro uma leitura intrigante e viciante. E por vários motivos, sendo de referir, desde logo, o estilo de escrita, bastante directo e centrado na acção, mas com a medida certa de contexto e descrição de cenários. Há sempre uma pergunta que precisa de resposta ou uma situação em que é preciso agir, o que mantém viva a curiosidade em saber mais, e, além disso, o ambiente, com todas as suas peculiaridades, é caracterizado com bastante precisão, sem excessos, mas de forma a tornar esses cenários fáceis de imaginar.
A este ritmo intenso, tanto a nível de momentos de acção como de enigmas para desvendar, junta-se a inevitável presença de um passado que paira sobre as personagens. E isto aplica-se tanto a simples experiências pessoais (como a antiga relação de Hugo ou o primeiro casamento de Claudia) como a factos com ligação a momentos históricos (como a história de Max, sobrevivente do Holocausto). Estas ligações implicam, aliás, dois pontos fortes. A relação que têm com o grande mistério (do desaparecimento de Max e de todas as consequentes revelações) está longe de ser a expectável, e a forma como o seu passado contribui para essa expectativa potencia o impacto das revelações mais surpreendentes. Além disso, a existência de um passado, que implica mais ou menos dor e mais ou menos crescimento, torna as personagens mais humanas, gerando assim mais empatia.
Por último, mas igualmente importante, falta referir, claro, a caracterização das personagens. Enquanto protagonista carismático, Hugo sobressai, com a sua relativa tendência para o heroísmo a conjugar-se com um bom sentido de humor e algumas experiências (passadas a presentes) a revelar as suas vulnerabilidades. Mas quase todas as personagens têm algo de carisma, seja na forma como agem perante as circunstâncias, seja no que os liga enquanto colegas ou amigos (ou algo mais). É fácil encontrar algo de cativante em muitas as personagens e também isso é parte do que cativa neste livro.
Misterioso e envolvente, com um enredo cheio de surpresas e um conjunto de personagens tão interessantes como as circunstâncias em que se encontram, O Livreiro apresenta uma história cativante, num cenário bem construído e com um equilíbrio fascinante entre intriga, acção, emoção e um delicioso toque de humor. Um livro viciante, portanto. Muito bom.
Que belíssima análise fazes deste livro, que já me tinha chamado a atenção. este é sem dúvida mais um bom pretexto para o ler.
ResponderEliminarObrigado.