quinta-feira, 11 de abril de 2013

Traição (Gillian Shields)

Os primeiros meses de Evie em Wyldcliffe Abbey foram sombrios e cheios de perigos. E, prestes a voltar à escola, Evie sabe que é exactamente isso que a espera. Mas não tem alternativa. O rapaz que ama tem pouco tempo antes que as consequências das suas escolhas passadas se façam sentir, transformando-o num escravo demoníaco para os poderes que desafiou. Evie está determinada a tentar tudo para o salvar, mas, para isso, precisa de encontrar em si a magia capaz de despertar o Talismã. Mas, enquanto as forças de Sebastian se desvanecem, outros perigos pairam sobre Wyldcliffe Abbey. O conclave das Irmãs das Trevas, formado pelas antigas aliadas de Sebastian, está disposto a tudo para conquistar a imortalidade que ele lhes prometeu. E Evie só pode contar consigo e com as suas amigas mais próximas para as enfrentar.
Retomando os acontecimentos de Imortal, do ponto de vista da mesma protagonista, Traição apresenta essencialmente os mesmos pontos fortes do primeiro livro. A escrita é simples, sem grandes descrições, mas com um ocasional toque de poesia e evocando uma aura de mistério que torna a leitura cativante desde as primeiras páginas. Os capítulos são curtos e há quase sempre algo a acontecer, o que confere ao enredo um ritmo compulsivo, mantendo viva a curiosidade em saber o que acontecerá a seguir. E o papel do sentimento continua a ser determinante, com momentos comoventes a contrastar com as situações de perigo, despertando empatia e interesse para com as circunstâncias das personagens.
Há, também, vários desenvolvimentos interessantes. Muitas das personagens são já conhecidas desde o primeiro livro, o que permite entrar rapidamente no ritmo da história. Mas há também novas personagens a surgir e figuras que ganham uma nova influência no rumo dos acontecimentos. Isto cria um bom equilíbrio entre familiaridade e mudança, já que a estranheza de novos elementos (como, por exemplo, a estranha personalidade de Harriet) contrasta com a constância de personagens como as amigas de Evie. Há, ainda, evoluções a nível das questões sobrenaturais, já que a magia surge agora com uma presença mais forte.
Apesar de tudo isto, o centro da história é, ainda e sempre, o romance entre Evie e Sebastian, e também a evolução é positiva. Com Sebastian a perder as forças, a sua presença é, naturalmente, muito mais discreta, sendo deixada a Evie grande parte da acção. Além disso, essa presença discreta leva a que o romance seja menos dominante o que torna mais intensos os momentos em que realmente se manifesta, culminando num final que, depois de vários elementos mais previsíveis, acaba por surpreender, quer por ser pouco expectável neste género de história, quer por deixar a impressão de ser a conclusão mais adequada.
Não é, pois, propriamente uma história complexa e não é difícil adivinhar, por vezes, o rumo dos acontecimentos. Mas não deixa, por isso, de ser uma leitura cativante, com as medidas certas de emoção e de mistério e alguns elementos surpreendentes a compensar as situações mais previsíveis. Uma boa leitura, portanto. Gostei.

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