Nunca tinha lido nada deste autor e, antes de pegar neste livro, de cariz menos ficcional, perguntava-me se seria a melhor escolha para começar. Terminadas as mais de 400 páginas que compõem este Outras Cores, contudo, não tenho a mínima dúvida de que este é um livro que conquista e que deixa vontade de ler muito mais.
Com uma maestria impressionante, combinada com uma atitude simples e honesta, Pamuk divaga sobre os mais diversos temas com tal perícia que é impossível não deixar o leitor a pensar sobre o assunto abordado. Quando fala nos terramotos que assolam a Turquia, sentimos o medo e a aura de tragédia que paira sobre o seu povo. Quando fala da tristeza da sua filha, fitando pensativamente o mundo, também nós conseguimos ver essa figura algures por perto. E quando disserta sobre os livros que o marcaram ou sobre o que o levou a escrever qualquer uma das suas obras, também nós temos vontade de desvendar os segredos desses livros.
Não saberia escolher, de entre todos os textos agrupados neste livro, qual o que mais se entranhou nos meus pensamentos. Não posso deixar de realçar, contudo, a triste beleza do conto "Olhar pela Janela", que, com os seus laivos de inocência e de tragédia, nos deixa antever a dimensão que, seguramente, se abrigará nas outras obras do escritor.
Um óptimo livro, sem dúvida, para divagar, para ler aos poucos, para saborear e aprender com cada uma das suas reflexões. Sem dúvida, um livro que nos cativa para o mundo do autor. Eu, por cá, fiquei com vontade de, à primeira oportunidade que surja, conhecer os seus romances.
Sem comentários:
Enviar um comentário