Alice escolheu adiar o tempo e viver das memórias que atesoura com desvelo, misturadas com essas outras lembranças, que ela não quer que existam e que, ainda assim, teimam em se fazer presentes, sem que Alice tenha força para lhes resistir.
As memórias transportam-na do seu Alentejo natal, rude, pobre e explorado, até um bar de prostituição, em Lisboa, para, finalmente, lhe darem a paz, num apartamento antigo, onde ela se (re)constrói em fantasias em que o presente, o passado e o futuro se misturam, deixando de ter sentido ou razão de ser.
Esta é uma história de violência e de medo, de sonhos e de perdas, mas também de redenção. Uma história com muitas histórias dentro, que homenageia as tantas Alices que aguentam, sempre. Que calam, sempre. Porque assim lhes ensinaram. Porque assim teria de ser.
Porque, afinal, o que se cala é como se não existisse!
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