O Quim está habituado a passar despercebido na escola para evitar o Bento e o seu bando de rufias. Mas, um dia, é apanhado desprevenido e dá por si a fugir desesperadamente do Bento, que quer vingar-se de um dente que perdeu à conta de uma manobra do Quim. E é durante essa fuga que uma derrocada faz com que o Quim dê por si num bosque secreto, cheio de armadilhas e de construções bizarras, onde reina uma miúda de barba com uma lança - a Rei Cru. Ali, tudo é estranho e fascinante e o Quim e a Cru não tardam a tornar-se bons amigos. Mas o Bento não desistiu dos seus planos maléficos e, para o travar, o Quim e a Cru terão de fazer um plano que os livre dele de uma vez por todas.
Um dos aspectos mais interessantes neste cativante e divertido livro é a forma como a diferença se conjuga com a naturalidade para dar forma a uma história cheia de acção e de diversão, em que há sempre algo de interessante a acontecer e todas as personagens parecem adaptar-se naturalmente ao seu papel. É também uma história sobre diferença e aceitação, pois o Quim é um miúdo perseguido na escola por ser mais fraco e a Cru, bem, é uma miúda de barba com uma lança. E é aqui que a tal naturalidade se torna mais importante, pois nenhuma destas diferenças é obstáculo ao surgimento de uma bela amizade, capaz de despertar grandes planos com o único e louvável objectivo de vencer os maus.
E, por falar em planos, há algo de delicioso na forma como a Cru e o Quim tecem as suas pequenas armadilhas para derrotar o Bento e companhia, sempre de forma inesperada e com vários episódios divertidos. Além disso, as muitas e muito apelativas ilustrações fazem com que a história ganhe ainda mais vida, realçando peculiaridades, enfatizando os grandes momentos e dando uma imagem mais clara das várias personagens e do papel que têm a desempenhar. Tudo isto contribui para tornar a leitura mais viciante e aumentar a percepção de movimento constante que faz com que seja quase impossível resistir a descobrir o que acontece a seguir.
Claro que é um livro pensado para os mais novos e ler um livro destes numa idade mais avançada desperta sempre uns quantos porquês para os quais poderiam ter sido dadas mais explicações. Mas a verdade é que, postas de parte estas dúvidas, chega-se à conclusão de que as respostas não são, na verdade, assim tão necessárias à base da história. E o essencial - a magia, a amizade, a aventura e a diversão - tem precisamente as medidas certas para fazer desta história uma leitura leve e cativante.
A impressão que fica é, portanto, precisamente essa: a de uma leitura leve, cativante e divertida, com personagens curiosas e uma aventura cheia de surpresas. Uma boa leitura, em suma, e uma boa história para leitores de todas as idades.
Título: Rei Cru
Autor: Adam Stower
Origem: Recebido para crítica
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