Em 2004, Ana Maria Machado, repórter portuguesa em Washington, é convidada a fazer um documentário sobre a Revolução de 1974, considerada pelo embaixador americano à época em Lisboa como um raro momento da História. Aceitado o trabalho, regressa, contrata dois antigos colegas, e os três jovens visitam e entrevistam vários intervenientes e testemunhas do golpe de Estado, revisitando os mitos da Revolução. Um percurso que permite surpreender o efeito da passagem do tempo não só sobre esses “heróis”, como também sobre a sociedade portuguesa, na sua grandeza e nas suas misérias. Transfiguradas, como se fossem figuras sobreviventes de um tempo já inalcançável, as personagens de Os Memoráveis tentam recriar o que foi a ilusão revolucionária, a desilusão de muitos dos participantes e o árduo caminho para uma Democracia. Paralela a esta acção decorre uma outra, pessoal e íntima: a história do pai da protagonista, António Machado, que retrata em privado o destino que se abate sobre todos os outros. Todos vivem na Democracia, uma espécie de lugar de exílio. Mas um dia, todas as misérias serão esquecidas, quando se relatar o tempo dos memoráveis.
A escritora Lídia Jorge nasceu no Algarve a 18 de junho de 1946. Em 1980 publicou o seu primeiro livro, o romance O Dia dos Prodígios, obra que desde logo chamou a atenção e criou as mais ricas expectativas para o futuro da nova escritora. E a obra posterior de Lídia Jorge viria a confirmar essas expectativas. Até hoje publicou, para além de contos, ensaio, uma peça de teatro e dois livros para crianças, onze romances, que fazem de Lídia Jorge uma das escritoras mais prolíficas e mais representativas da literatura portuguesa da segunda metade do século XX. Esta sua importância na vida literária nacional ficou assinalada com os prémios que lhe foram atribuídos: logo em 1980, pelo seu primeiro livro, recebeu o Prémio Ricardo Malheiros. E em seguida foram-lhe atribuídos, em Portugal e no estrangeiro (nomeadamente Espanha, Itália e França), vários prémios, entre os quais se destacam o Prémio Cidade de Lisboa (por duas vezes, uma delas ex-aequo com Memorial do Convento, de José Saramago), o Prémio D. Dinis, o Prémio PEN, o grande Prémio da APE e o Prémio Vergílio Ferreira. Foi ainda condecorada com a Grã-Cruz da Ordem do Infante e o título de Oficial da Ordem das Artes e das Letras de França.
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