A história do nosso país é um tema vasto e complexo e, muito provavelmente, o tempo que lhe é dedicado na escola não chega para cobrir tantos momentos importantes e tão ilustres figuras como são as que a povoam. E, sendo o tema amplo e o tempo limitado, nem sempre é fácil mesmo para as mentes mais curiosas assimilar todas as particularidades. O resultado são afirmações surpreendentes, teorias algo dúbias e definições um tanto ou quanto retorcidas. É dessas definições e outras associações que tais que é feito este curioso e interessante livro - uma viagem à história de Portugal tal como nunca foi vista (ou nunca foi, ponto).
Um dos aspectos mais cativantes neste livro é a forma como ele está estruturado, não tanto pela divisão em temas (que facilita, é certo, a compreensão das mais estranhas associações nele contidas), mas pela naturalidade com que a história e os disparates do título se conjugam. Não que haja espaço para dúvidas, entenda-se: o sublinhado amarelo, a fazer lembrar os apontamentos escolares da juventude, realça bem a diferença entre o que é história e o que é disparate. Mas é curiosa a naturalidade do texto e a fluidez com que as ideias correm - ao ponto de, quando nos deparamos com uma afirmação particularmente chocante, esta despertar sempre um elemento de espanto.
É uma leitura divertida, até porque há "afirmações históricas" que são simplesmente deliciosas - como, por exemplo, a quase omnipresença de Afonso Henriques ao longo de séculos de história. Mas tem também dois outros aspectos relevantes, sendo o primeiro e óbvio o facto de fazer questionar e ponderar o que se aprende efectivamente na escola e de que formas se poderia melhorar a aprendizagem. E depois há ainda um toque de nostalgia, com as respostas completas (a repetir o fim da pergunta), as afirmações convictas e, claro, aquelas informações que se acrescentam com a intenção de mostrar que se sabe até mais que o pedido (com resultados mais ou menos benéficos) a fazer lembrar os tempos de escola e como, naqueles dias, as coisas pareciam tão mais simples (demasiado simples, até).
Ora, a história de Portugal é vasta e é bastante provável que houvesse mais a acrescentar - nos factos históricos e nos disparates. Não parece, no entanto, que o objectivo seja fazer uma recolha exaustiva, mas antes um retrato abrangente - e, se é essa a intenção, então este livro cumpre plenamente o objectivo. Fica a curiosidade em saber mais sobre os factos históricos por detrás dos disparates? Claro. Mas há outros livros com esses temas em mente.
O que fica deste livro é, pois, uma divertida e caricata viagem ao passado - ao passado histórico (e a algumas estranhas visões desse passado), e também ao passado dos tais tempos de escola, que podem ter ficado lá atrás, mas não se esquecem. Cativante, surpreendente e bastante relevante, um livro para despertar sorrisos... e reflexões.
Título: História de Portugal em Disparates
Autor: Luís Gaivão
Origem: Recebido para crítica
Deve ser bem engraçado.
ResponderEliminarUm texto com boa pinta, o do crítico sobre o livro
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