Casada com o impiedoso rei Morax, Emporia sabe que a única forma de proteger os filhos da brutalidade do marido é fugir. Mas fugir terá consequências terríveis e, a não ser que seja bem-sucedida, tanto ela como os seus filhos e todos aqueles que os ajudarem morrerão. Ainda assim, ficar não é uma possibilidade e, com a ajuda do seu fiel guarda-costas, Emporia consegue levar os filhos e fugir. Só que o universo pode ser vasto, mas o alcance do rei Morax também o é. E a fuga do palácio é apenas o início de uma árdua e longa jornada rumo à liberdade... ou à morte.
Um dos primeiros aspectos a realçar neste livro - e uma das suas maiores forças - é a forma como conjuga um cenário vasto e completamente novo com uma situação que, embora tendo as suas peculiaridades, tem também algo de muito universal. A história de Emporia e da sua fuga de um marido cruel pode situar-se num cenário distinto e cuja vastidão permite possibilidades mais dramáticas, mas não deixa de evocar uma realidade bem mais próxima. Além disso, ao longo do caminho e por entre os muitos momentos de acção e de perigo, há pequenos momentos de afecto, de preocupação... e de engano que têm também muito de realista.
Ora, tendo isto em vista, escusado será dizer que as personagens são também uma das grandes forças deste livro. Emporia, claro, é uma figura forte e carismática, mas também com um conjunto de vulnerabilidades que a humanizam. Os filhos têm as suas próprias naturezas, sendo também figuras relevantes por direito próprio nesta história. E quanto a Dane... bem, Dane é um enigma, mas também uma figura forte e constante num enredo em constante mutação - o que contribui também para tornar toda a história mais sólida e mais marcante.
Claro que é também necessário falar na componente visual, até porque, num enredo onde abundam as mudanças de cenário e os episódios de acção cheios de lutas e explosões, há muito que não se transmite nos diálogos. E a imagem é, muito resumidamente, fantástica, não só no mundo de vida e cor que dá aos tais momentos de acção, mas também na expressividade das personagens que, curiosamente, se torna particularmente interessante nos momentos de maior emotividade.
Por fim, importa dizer que, apesar de este ser um volume um, ou seja, de haver mais a descobrir no futuro (até porque tudo termina com uma muito intrigante pergunta), a linha central deste primeiro livro tem início, meio e fim, permitindo, ao mesmo tempo, uma conclusão satisfatória para um percurso bastante intenso e um abrir de possibilidades e de potencial para o que se poderá seguir.
Tudo somado, fica a impressão do melhor dos inícios, mas também de uma história inicial que se completa a si mesma. Intenso, cheio de surpresas e com alguns momentos verdadeiramente impressionantes, um primeiro volume memorável para um mundo de vastíssimo potencial. Muito bom.
Título: Imperatriz - Volume Um
Autores: Mark Millar e Stuart Immonen
Origem: Recebido para crítica
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