Chloe e Brandon são filhos dos maiores super-heróis de sempre, cujos poderes tiveram origem numa misteriosa ilha que os escolheu para ajudar a América a recuperar da Grande Depressão. Mas, décadas depois, e embora continue a haver inimigos a combater, parece haver uma divisão entre os heróis que voltaram da ilha e Chloe e Brandon revelam-se apenas uma grande desilusão para os pais. Desinteressados, tornaram-se apenas celebridades fúteis. Mas há quem queira tirar partido dessa desilusão e mudar o papel dos heróis no mundo. E, quando eclode a verdadeira guerra pelo poder, Chloe e Brandon têm papéis muito distintos a desempenhar...
Um dos aspectos mais interessantes deste livro é o facto de ser, para os devidos efeitos, uma história de super-heróis, mas não propriamente de super-heróis "normais", pois, se é verdade que as grandes batalhas e os super-vilões estão bem presentes neste livro, também o é que estão longe de ser o elemento dominante. Sobressaem antes as lutas internas, as intrigas de traição e manipulação, a forma como relações familiares e de companheirismo se transformam e destroem em nome da luta pelo poder. E, assim, uma das primeiras peculiaridades a sobressair é que, apesar de se assumirem como heróis, algumas personagens revelam traços bastante mais ambíguos ou até mesmo vilanescos.
Também bastante impressionante é a forma sintética, mas nunca demasiado simplista, como o cenário é apresentado. Claro que, para isto, contribui maioritariamente a parte visual, mas, no que toca aos poderes das diferentes personagens, é interessante reparar que, mesmo quando não são explicitamente nomeados, não é difícil reconhecer aquilo de que as personagens são capazes. Este poder implícito tem, aliás, a qualidade suplementar de fazer com que tudo pareça mais natural, pois se são heróis, é apenas lógico que tenham poderes - e que façam uso deles.
Claro que, sendo um primeiro volume, é apenas natural que muito fique em aberto. Mas, mais do que as perguntas sem resposta, que despertam a curiosidade em ler o quanto antes o volume seguinte, sobressaem as possibilidades. A história abrange vários períodos, desde a descoberta da ilha ao conflito geracional e à mudança daí resultante, e todos eles representam desafios e reviravoltas. E também esta passagem rápida, mas natural, alimenta a vontade de descobrir mais, pois, se tanto mudou em tão poucas páginas, o que mais não estará ainda para vir? No fim, é esta a pergunta que fica no ar - e, por isso, mais do que curiosidade insatisfeita, fica uma grande vontade de continuar a ler.
Tudo somado, fica a impressão de um primeiro volume viciante, intenso e visualmente muito apelativo, com uma história cheia de surpresas e que promete surpreender ainda mais. Recomendo, portanto.
Título: O Legado de Júpiter: Luta de Poderes
Autores: Mark Millar e Frank Quitely
Origem: Recebido para crítica
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