domingo, 1 de novembro de 2015

A Casa das Palavras (Miguel Almeida)

A arte e do processo de criação da poesia, vivida e construída: assim se poderia definir o tema deste livro, em que comos e porquês convivem de perto com ideias muito claras sobre o que é e as bases em que assentam as fundações da poesia. Bases que não são rígidas, nem nunca poderiam ser, mas que se apresentam aqui na forma de uma visão muito pessoal e muito própria, como se do poeta a contemplar aquilo que o move à poesia.
À semelhança do que acontece com outros livros do autor, há neste livro um interessante equilíbrio entre a abordagem a temas vastos e amplamente explorados e a necessidade de fugir às ideias muitas vezes repetidas. Trata-se de uma circunstância em que é muitas vezes difícil - ou impossível - fugir aos lugares comuns e, por isso, torna-se inevitável a presença de algumas dessas ideias. Mas ao acrescentar-lhes um cunho pessoal, ainda que não particularmente lírico (fica, neste caso específico, a impressão de uma poesia mais racional que sentimental), estas ideias ganham uma voz própria, encaixando-se num todo que é, apesar de tudo, diferente.
Não são poemas especialmente elaborados. Muitos deles são curtos e num estilo que se resume ao estritamente essencial. Mas, se isto deixa, por vezes, a vontade de ver um registo mais complexo, mais aprofundado, até, no aspecto emocional, também é certo que a impressão que fica é a de que o fundamental está dito. E esta capacidade de resumir em poucos versos o essencial acaba por ser especialmente cativante.
O que fica, portanto, desta leitura, é a ideia de um conjunto de poemas que, bastante simples na sua estrutura, mas bastante claros na mensagem que pretendem transmitir, proporcionam uma leitura cativante e agradável e um olhar muito preciso à forma como o autor entende a arte da poesia. Gostei.

Título: A Casa das Palavras
Autor: Miguel Almeida
Origem: Recebido para crítica

1 comentário:

  1. Simples, como se a simplicidade fosse algo fácil e natural. Cativante e agradável, como se esses fossem os meios para fazer vencer a arte. É assim a poesia. Foi dessa substância que tentei encher "A Casa das Palavras". Muito obrigado, "As Leituras do Corvo". Esta vossa crítica/opinião dignifica-me como escritor e valoriza este meu/nosso livro de poemas.

    Miguel Almeida

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