Passado um curto período de calma aparente, a Dark Star acaba de ressurgir. Um investigador norte-americano foi raptado do edifício mais alto do Dubai e, ao que tudo indica, o seu desaparecimento está relacionado com o misterioso Projecto Lebodin. Pouco depois, um dos principais elementos da Dark Star - a misteriosa mulher que todos (ou quase) conhecem como China Girl - oferece-se para assumir o papel de agente dupla. Mas com uma condição. O seu contacto deverá ser André Marques-Smith e mais ninguém. André, que é provavelmente a pessoa que menos confia nela no mundo, e que está a passar pelo processo de assimilação de toda uma série de revelações. Mas o tempo não para. E, por mais desagradável que a ideia possa ser, os dois espiões vão ter de aprender a trabalhar juntos.
Dando continuidade à aventura iniciada em O Espião Português, este segundo volume da trilogia é um livro que apresenta essencialmente as mesmas qualidades. Que são bastantes. Desde logo, a mesma escrita envolvente e fluída, que ora dá vida aos mais intensos momentos de acção, ora abre caminho para os mais recônditos pensamentos das personagens. Fluidez que se estende ao próprio ritmo do enredo que, repleto de acção e num crescendo de revelações cada vez mais intensas, prende desde muito cedo e não larga até ao fim.
Ora, sendo este o segundo volume da trilogia, é também o livro que cria pontes entre o primeiro e o terceiro. Tendo isto em conta, é apenas natural que surja toda uma série de novas perguntas - e que nem todas tenham ainda encontrado resposta. Mas é interessante notar que, apesar deste crescendo de intensidade e de parte daquilo que o forma só vir a encontrar um fim no volume que se segue, nada se perde da força e do equilíbrio da história. Não quando tudo - enredo, personagens, construção do equilíbrio entre as forças em conflito - converge para dar forma a uma leitura tão viciante.
Ainda outra das qualidades de O Espião Português que continua bem presente aqui é o equilíbrio entre o papel de André - e agora também de China Girl - enquanto espião e a sua vida pessoal. Há, aliás, neste aspecto, um desenvolvimento surpreendente, já que as ligações entre estes dois aspectos se tornam, por vezes, mais ténues. E, tendo em conta a importância que este esbater de fronteiras têm para a forma como tudo termina, este equilíbrio torna-se particularmente relevante.
Voltando à questão das perguntas sem resposta, importa ainda mencionar o final, que, muitíssimo intenso e completamente inesperado, é, em si, a maior das questões que ficam em aberto. Mas é também esse final - associado a todas as outras qualidades já referidas - a aumentar ainda mais as expectativas para a descoberta da derradeira conclusão desta aventura, pois o que promete é, no mínimo, mais um livro muito intenso.
Intenso e surpreendente, com personagens fortes e um enredo em que o secreto e o quotidiano se conjugam na mistura perfeita de acção e mistério, intriga e emoção, trata-se, portanto, de um livro que corresponde inteiramente às expectativas. E que, prometendo já o melhor para o que se lhe seguirá, fica na memória bem depois de terminada a leitura. Recomendo.
Título: A Espia do Oriente
Autor: Nuno Nepomuceno
Origem: Recebido para crítica
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