- Quantas delas te responderam?
- Dezoito.
- E agora vais começar a corresponder-te com dezoito mulheres?
O Pai apontou para o bolso, onde tinha escondido a carta.
- Ela é a verdadeira.
- Como sabes?
- Simplesmente sei.
Em Julho de 1945, depois de sobreviver ao campo de concentração de Bergen-Belsen, Miklós, um jovem húngaro de vinte e cinco anos, é enviado para um campo de refugiados na Suécia. Pele e osso, desdentado, doente, o médico dá-lhe poucos meses de vida. Mas morrer depois de sobreviver a uma guerra não está nos planos de Miklós. Ele não se sente sozinho. Sabe que que há 117 mulheres da sua terra a viver em campos de refugiados na Suécia. Ignorando a sentença de morte da febre que o atormenta todas as manhãs, envia uma carta a cada uma delas. Alguma haverá de sucumbir à sua veia poética e sedutora caligrafia.
A centenas de quilómetros, Lili responde. Assim começa uma história de amor redentora e inesquecível entre dois sobreviventes que eram também sonhadores. Baseada na história real dos pais do autor e narrada a partir das cartas trocadas entre os dois, o romance de Péter Gárdos relembra-nos que o amor é uma força de vida, capaz de vencer a própria morte.
Nascido em Budapeste em 1948, Péter Gárdos é realizador de cinema e encenador. As suas produções foram distinguidas com mais de vinte prémios internacionais em diversos festivais de cinemas, nomeadamente com o Prémio Especial do Júri no Festival de Cinema de Montreal e o Golden Hugo no Festival de Cinema de Chicago. Baseado na história verídica dos seus pais, sobreviventes dos campos de concentração nazis, Carta à mulher do meu futuro é o seu primeiro romance, que deu origem ao filme Fever at Dawn.
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