sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Para Ti (Luísa Castel-Branco)

Fragmentos do quotidiano, dos sentimentos por detrás da rotina. E momentos de reacção, de intensa emoção perante uma grande perda ou uma mudança irreversível. Pequenos instantes de vidas normais, da história de pessoas normais que, sob uma máscara de calma e serenidade, escondem, por vezes, o desânimo, a dor, a nostalgia ou até mesmo a certeza de que o que se perdeu nunca será recuperado. E são estes momentos, estas histórias, estas vidas que se reflectem, em palavras de grande emotividade, nos textos que constituem este livro.
Não se trata de uma obra particularmente poética ou marcada por uma escrita elaborada. Mais que pela conjugação das palavras, é pela força dos sentimentos que cada pequeno texto marca. A escrita é bastante simples, mas, nas múltiplas histórias (ou fragmentos de vidas) que vão sendo apresentadas neste livro, há vários sentimentos, vários estados de alma com que qualquer leitor se pode identificar. Toda a gente se sentiu desiludida. Toda a gente sonhou e caiu. Toda a gente viveu e cresceu com a dúvida, com a dificuldade, com a perda. E toda a gente caiu para (pelo menos tentar) voltar a erguer-se.
É fundamentalmente a emoção o que fica deste livro. Os textos são breves e, nas diferentes situações e sentimentos que apresentam, é o sentimento que provocam que acaba por apelar, de forma diferente, de forma mais pessoal, a quem o ler. E essa voz breve, leve, que caracteriza estes textos, contrasta com a intensidade desses sentimentos (principalmente nos mais dolorosos) e cria, inevitavelmente, uma certa empatia.
Não será, possivelmente, uma obra prima literária. Ainda assim, este pequeno livro, tão simples nas palavras, mas tão intenso nos sentimentos, tem algo de genuíno e de pessoal nas palavras com que dá voz ao coração. E é, seguramente, essa a sua maior força.

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