quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Os Ladrões de Cisnes (Elizabeth Kostova)

Depois de atacar um quadro numa galeria de arte, Robert Oliver é internado numa instituição psiquiátrica. Mas, por mais que Marlow, o seu psiquiatra, se esforce por encontrar uma qualquer espécie de resposta, até mesmo estabelecer contacto verbal com o paciente parece ser impossível. Tudo o que Marlow tem para prosseguir são umas cartas antigas, pelas quais Robert parece ter uma estranha obsessão, e uma mulher de cabelos negros que paira, constante, na obra do pintor.
Tal como O Historiador, este é um livro complexo, com várias linhas de acontecimentos e possibilidades, que, durante muito tempo, parecem não ter grande ligação entre si. Este é, aliás, um dos traços característicos de ambos os livros da autora, que se demora, com a sua escrita envolvente, mas bastante descritiva, a caracterizar cenários e personagens, a ponderar possibilidades e a explorar o interior dos seus protagonistas, à medida que, num processo gradual, as ligações se vão evidenciando. Isto resulta num livro que dificilmente será de leitura compulsiva, já que os momentos de descrição - e até algumas das situações mais introspectivas - constituem uma parte significante da obra.
Esta complexidade reflecte-se também em cada personagem, tão diversas nos seus temperamentos e forma de agir. E, se há vários pontos de interesse nos vários intervenientes desta história, é em Robert Oliver que a força do mistério e uma certa preocupação com as razões do seu silêncio acabam por reflectir um indivíduo fascinante. Um que, apesar de tudo, nunca conhecemos completamente, já que a sua história raramente se expressa na sua própria voz.
Ainda uma menção aos detalhes que a autora vai apresentado sobre pintura, sobre os mestres da época, mas também sobre técnicas, cenários e até algo acerca da vida social ligada ao processo. Claro que isto contribui para uma maior componente descritiva, mas também para uma visão global mais complexa e enigmática.
Não é um livro tão surpreendente como O Historiador - não foi difícil adivinhar a resolução de alguns aspectos - mas, ainda assim, uma obra cativante, de leitura agradável, com momentos de profunda beleza e uma história impressionante na sua generalidade. Muito bom.

2 comentários:

  1. Este livro está na minha lista.
    Gostei muito do historiador, e não me surpreende que o tenhas achado melhor que este. Mas de qualquer forma quero ler este livro.
    Nem que seja pela capa, que gosto muito ^^
    beijocas

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  2. Também está na minha lista e ainda assim duvido que consiga suplantar "o historiador" que no meu top ten, está nos primeiros lugares.

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