sábado, 7 de agosto de 2010

A Coroa de Sangue (Madalena Santos)

Eiron é um dos jovens mais promissores da armada de Ambroc. Apesar da sua idade, ocupa já o posto de Contra-Almirante, mas cedo descobrirá que o Condado é percorrido por intrigas e conspirações e a sua ingenuidade ante os grandes conspiradores resultará num exílio que, mais tarde, o colocará numa posição determinante para o futuro de Ambroc.
O que mais gostei neste livro foi a forma como um sistema complexo é apresentado detalhadamente, mas sem se tornar maçador. A hierarquia, as estratégias, os procedimentos de cada conspiração e até as relações entre os diversos poderes são bastante credíveis, conjugando as diferenças e semelhanças relativamente à nossa História para criar um ambiente cativante e cuidadosamente construído. Também as diferentes partes em conflito estão caracterizadas de forma cativante, com revelações espalhadas ao longo do enredo que fazem com que, quando parece possível avistar uma solução no horizonte próximo, as coisas se tornem subitamente diferentes e um novo segredo resulte numa perda de controlo e na alteração de todo o rumo dos acontecimentos.
Se Eiron não me conquistou tão facilmente como a protagonista de O Décimo Terceiro Poder, o seu percurso não deixou por isso de me parecer interessante, não só nas suas aventuras e na hierarquia de comando, mas na sua própria evolução enquanto pessoa. Constante nos seus princípios e naquilo em que acredita, conhecemos contudo um Eiron jovem e ingénuo, por vezes inseguro, mas que, com o evoluir da história e com as sucessivas tragédias que marcam o seu percurso, aprende a ser forte, através da dúvida, da perda e da culpa, descobrindo também um controlo para a fúria que o torna poderoso, mas quase inconsciente.
Ainda uma referência para o papel desempenhado pela Fé e seus representantes. Ainda que tenha ficado a sensação de que muito mais se poderia dizer sobre o assunto, surpreendeu-me a revelação final de quanto poder poderiam os sacerdotes exercer, mesmo sobre alguém aparentemente superior a eles.
Um livro interessante, de leitura agradável, com um mundo muito bem construído e uma história cativante, ainda que não compulsiva, que não se esgota nas aventuras do protagonista. Gostei.

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