sábado, 21 de agosto de 2010

Ex Machina (Robert Finn)

Depois de alguns percalços na sua tese de doutoramento, Jo acaba por integrar uma equipa de investigação algo obscura na Cornualha. Mas o trabalho que aí encontra parece resumir-se às tarefas monótonas e, quando se apercebe de que há um grupo dentro da equipa que parece guardar segredos bem mais intrigantes, Jo decide investigar por conta própria. O problema é que as conversas de morte e de oculto que acaba por ouvir não são apenas uma brincadeira de espionagem e Jo vai acabar por compreender que os segredos guardados por David, Susan e o Professor permanecem ocultos por um motivo.
Sequela directa do livro O Perito, Ex Machina mantém algumas características do primeiro volume, tais como a envolvência geral do mistério e a importância e antagonismo entre a equipa do Professor e o Exército que Testemunhou a Criação. Há, contudo, grandes diferenças. Ex Machina é narrado do ponto de vista de Jo, o que, por um lado, transmite uma visão bastante mais pessoal da situação, particularmente a partir do momento em que assume o protagonismo quase total, mas apresenta também uma imagem progressiva de como alguém totalmente estranho à situação acabaria por reagir ao descobrir o segredo dos adeptos.
Também a componente mágica do enredo é explorada de forma bastante diferente nos dois livros. Se, durante grande parte do primeiro volume, não passa de uma insinuação, sendo reveladas as suas verdadeiras potencialidades numa fase quase final, aqui representa uma parte importante e muito desenvolvida da história. Os diferentes tipos de poderes que podem ser controlados, a descoberta de Jo relativamente ao que consegue fazer e a forma como a sua progressiva obsessão a torna vulnerável a um ataque também de natureza mágica, alterando a sua personalidade, ao mesmo tempo que reflecte medos e dúvidas que crescem com o surgir das revelações, desempenham um papel importante na contextualização da natureza dos adeptos e da magia que controlam.
Existem algumas oscilações, principalmente no que toca ao ritmo dos acontecimentos, mais lento no início da história, que começa de uma forma bastante pausada e fortemente sentimental, centrando-se mais na vida privada e nos problemas de Jo e na fase inicial de descoberta dos seus poderes, quando a descrição do controlo e da forma como cada capacidade é manipulada chega a ser exaustiva. Estes desenvolvimentos acabam por ser pequenas fases em que a história se torna um pouco impessoal, ainda que revelem aspectos interessantes da magia neste livro. Além disso, as intervenções espaçadas de David e Susan (grandes intervenientes do livro anterior) acabam por contribuir para a sensação de que Ex Machina funciona, em certa medida e tendo em conta que uma boa parte do conflito de Jo acaba por se dirigir contra um indivíduo particular (e não contra o Exército propriamente dito), como um livro de contextualização.
Agradável de uma forma geral, ainda que com algumas fragilidades, este é um livro com bastantes momentos de acção e que, ainda que não resolva em definitivo a situação do Marcador e daqueles que o procuram, acrescenta bastantes elementos interessantes ao seu contexto. Fico curiosa para saber o que virá a seguir.

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