quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Os Olhos Amarelos dos Crocodilos (Katherine Pancol)

Joséphine é uma mulher demasiado doce e demasiado frágil para o seu próprio bem. Mas a sua vida vai mudar. Desde o abandono do marido, que parte para o Quénia com a amante, ao corte de relações com a mãe, uma personalidade rígida e de uma frieza por vezes desumana, passando pelos mistérios da melhor amiga e pela aventura de escrever um livro que a irmã irá publicar com o seu nome, não há muitas situações imagináveis que não cruzem a vida de Jo. Mas o que não nos mata torna-nos mais fortes e Jo crescerá com tudo isto.
A característica mais surpreendente deste livro é a quantidade de histórias nele contidas, bem como as ligações que entre elas se estabelecem. Ainda que Jo seja a suposta protagonista, a narrativa acompanha passo a passo os acontecimentos e até pensamentos dos vários intervenientes deste romance. Não é apenas Jo que é dada a conhecer, mas também as filhas, as amigas, a mãe, o padrasto, os interesses amorosos e outros de menor relevância na sua vida pessoal. Mas todos eles têm a sua história e as suas ligações, o que resulta numa história complexa, mas de leitura agradável e bastante envolvente.
Depois há a diversidade de contextos. Por um lado, o livro que Jo está a escrever, um romance histórico passado no século XII. Achei esta parte da história a mais interessante, já que esta época é a grande paixão e a área de domínio de Jo, e esta paixão reflecte-se de forma particularmente interessante nas descrições do processo criativo. E, por outro lado, a aventura de Antoine, que na sua eterna procura de um emprego de sucesso, acaba por se mudar para o Quénia para supervisionar um parque de criação de crocodilos.
Com tantas personagens e tanta relação pessoal, é inevitável uma grande diversidade de temperamentos e é aqui se encontra o elemento menos cativante do livro. Se as histórias por si nunca deixam de ser interessantes, as personalidades de alguns dos seus intervenientes surgem, por vezes, um pouco exageradas. Isto reflecte-se particularmente em Henriette e na sua extrema atitude elitista, e em Hortense, que com os seus pensamentos centrados no dinheiro e na classe, acaba por se revelar uma filha bastante detestável. Ainda assim, este tipo de personalidade acaba por dar origem a alguns momentos bastante divertidos, principalmente no que toca a Henriette e o marido.
Agradável na sua generalidade, ainda que o exagero na caracterização de algumas personagens torne difícil que o leitor se identifique com alguém, este é um livro que, apesar da sua dimensão considerável, reúne uma série de elementos de meios diferentes para resultar numa história curiosa e cativante. Gostei.

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