terça-feira, 31 de agosto de 2010

O Toque da Morte (Stephen Booth)

Depois de uma noite tempestuosa, um cadáver sem identificação é encontrado no meio de um campo numa localização remota. E, como se não bastassem as dificuldades causadas pelo tempo, a cena do crime parece ter sido contaminada pela passagem de um grupo de caçadores. É este o ponto de partida para a investigação de Ben Cooper e Diane Fry, que, com poucas pistas e, por vezes, bloqueados por ideias pré-concebidas, terão de descobrir a causa da morte do desconhecido... e, talvez, o seu assassino.
Envolvente e bastante complexo nas diversas pistas que se entretecem ao longo do enredo, este é um livro que se aproxima do policial mais clássico, centrado mais nos diversos caminhos apontados por cada circunstância que nos momentos de tensão propriamente ditos. Ainda assim, dificilmente será um livro para pessoas sensíveis. A forma como o autor aborda o tema (sempre potencialmente polémico, nalguns aspectos) da caça e dos regulamentos que a orientam, e principalmente do abate e exportação de cavalos para consumo (esta parte bastante detalhada com descrições elaboradas e um pouco macabras) chega, por vezes, a ser um pouco chocante. Mas estes dois elementos, por si só bastante intensos no contexto da história, são apenas parte das circunstâncias e possibilidades que os dois agentes terão de considerar para desvendar o mistério da morte de Patrick Rawson.
Interessante também a forma como as histórias particulares de Ben e Diane (protagonistas também de outros livros do autor) se desenvolvem por entre a intriga principal, revelando muito das suas personalidades e, em particular no caso de Diane, das marcas do seu passado.
Ainda uma referência para o contraste que se estabelece, numa história onde o mundo animal é explorado essencialmente do ponto de vista da produção, entre as situações de crueldade insinuadas e directamente relatadas na história e a amizade de longa data entre Ben e o seu gato, situação que, ainda que brevemente referida, propicia os momentos mais marcantes deste livro.
Uma leitura agradável, bastante envolvente, que avança de pista em pista para culminar num final surpreendente não só pela resolução do mistério propriamente dito, mas pela pequena lição sobre a verdadeira validade e o potencial efeito de cegueira causado pelo preconceito.

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