domingo, 3 de julho de 2011

A Hora do Mocho (Mary Higgins Clark)

Vinte anos depois, a reunião de antigos alunos da Academia Stonecroft desperta memórias de um passado com muito de desagradável. Dos homenageados no evento, poucos têm boas recordações daquele tempo e há um em particular que tem motivos para guardar ressentimento. Entretanto, há um segredo na vida de Jean Sheridan e as ameaças à vida da filha que nunca conheceu surgem ao mesmo tempo que uma estranha coincidência se manifesta: das sete raparigas que se sentavam juntas à mesa em Stonecroft, cinco delas morreram de forma estranha...
O início é lento mas o mistério é constante neste livro. A autora começa por apresentar as principais figuras na reunião de alunos e fá-lo de forma bastante directa, entrando na mente de cada um para revelar os seus pensamentos acerca do evento. E, ao revelar as impressões de cada um, ao mesmo tempo que insinua os seus segredos, surge, desde cedo, a impressão que permanecerá ao longo de grande parte do livro: todos, ou quase todos, têm algo de suspeito. Além disso, ao criar um ponto de partida tão ligado ao passado, torna-se evidente que vários acontecimentos ao longo de todos aqueles anos estarão, de alguma forma, ligados, ainda que o como seja, durante uma boa parte do enredo, o grande enigma.
Escrito de forma envolvente, bastante directa, mas com um cuidado especial na caracterização do que marcou o passado das personagens, o enredo nunca deixa de ser cativante, principalmente pela forma como a autora insinua possibilidades de culpa e motivos de suspeita em diferentes indivíduos. Mas, curiosamente, não há uma personagem que se destaque como mais marcante. Nem a protagonista, nem sequer o assassino. São as pequenas coisas de cada um - desde a persistência do detective à curiosidade insaciável do jovem repórter - que dão vida a uma história onde o suspense se mantém até ao fim.
Cativante e de leitura agradável, este é um livro que, apesar de centrado na resolução do(s) mistério(s), revela, em certa medida, o carácter das suas personagens. Há alguns pequenos aspectos que poderiam ter sido mais aprofundados, principalmente na fase final, em que tudo o mais passa para segundo plano ante a descoberta do culpado, sendo a conclusão um pouco brusca. Mas é uma boa história, ainda assim.

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