sábado, 20 de março de 2010

As Belas Coisas (José Dinis Fidalgo)

Desejoso de eleger um sucessor para a sua arte, Filipe convida Paulo, seu sobrinho, a visitá-lo e aprender com ele os conhecimentos necessários para se ser um antiquário. E assim começa uma profunda viagem ao mundo da arte antiga, mas também de um passado mais pessoal: a vida de cada um deles.
Partindo de uma premissa interessante e com uma escrita bastante detalhada, este é um livro que apresenta ao leitor uma história no geral promissora. As descrições que o autor dedica a cada objecto e a forma como constrói cada momento, entrelaçando a arte com os que a contemplam, enquanto, aos poucos, revela o passado por detrás da máscara - onde nem tudo é perfeito quanto parece - são, por si só bastante interessantes e as palavras fluem com uma certa musicalidade que, aliada à reduzida dimensão dos capítulos, contribuem para estabelecer neste livro uma certa envolvência.
Os problemas prendem-se fundamentalmente com a quase constante mudança de narrador, o que, em conjunto com as contemplações e meditações sobre a arte e a vida que, por vezes, deixam os acontecimentos para segundo plano, acabam por tornar esta leitura um pouco confusa e cansativa.
Bastante interessante no geral, mas exigente em termos de esforço, não posso dizer que este me tenha conquistado por completo, principalmente devido à perda da relação com a história e as personagens causada pelos elementos anteriormente referidos. Ainda assim, no que respeita à apreciação da arte antiga e a alguns aspectos do restauro e da aquisição de antiguidades, apresenta alguns elementos realmente fascinantes e, por isso, julgo, ainda assim, que vale a pena ler.

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