quinta-feira, 7 de junho de 2012

Herança de Sangue (Joana Gabriel)

Áurea é uma rapariga desastrada, com um bom grupo de amigos, mas sem ser exactamente popular. Tem também uma estranha relação com o mundo dos sonhos, já que o que vê tende a tornar-se real, mas nem esta peculiaridade a afasta de uma vida normal. Pelo menos até ao momento em que se cruza pela primeira vez com o rapaz misterioso e reservado que lhe conquista o coração. E que parece ter duas personalidades opostas dentro de si. Ou será que não?
Bastam as primeiras páginas para reconhecer neste livro umas quantas semelhanças com a fórmula de livros como Crepúsculo e similares. Principalmente durante a fase inicial, e apesar de algumas diferenças interessantes que, aos poucos, se vão revelando, a linha da narrativa é bastante parecida. A protagonista cruza-se com o novo aluno que ninguém conhece, o amor aparece de forma quase instantânea e o rapaz ora parece absurdamente apaixonado, ora completamente agressivo para com a protagonista. Tendo estes elementos como ponto de partida, é difícil evitar a sensação de familiaridade para com a linha dos acontecimentos. Familiaridade que se desvanece com o evoluir da história, é certo, mas que apenas numa fase muito avançada dá lugar à interessante série de eventos que definem o potencial para um enredo com identidade própria.
Não é, contudo, este o principal problema. Apesar das semelhanças, o rumo da história e a forma como, aos poucos, esta se diferencia do já conhecido, revelam algum potencial para o que poderia ser uma leitura agradável, até porque o final e as suas circunstâncias surpreendentes deixam no ar uma certa curiosidade para o que virá depois. O problema essencial está nas fragilidades de desenvolvimento e na ausência de uma revisão atenta. No que toca ao desenvolvimento, porque há demasiadas coisas a acontecer depressa demais e porque a necessidade das personagens de expressar tudo o que pensam e sentem em forma de discurso torna os diálogos bastante forçados. Na revisão, porque há uma série de erros evidentes - de ortografia, de pontuação, de conjugação verbal - que, inevitavelmente, perturbam o ritmo da leitura.
O que fica deste livro é, portanto, a ideia de uma história que, apesar das semelhanças com outras do género, tem algumas ideias interessantes (principalmente a nível de algumas características dos vampiros e do papel de Áurea no meio de toda a situação), mas que podiam ter sido mais desenvolvidas. Uma história que, principalmente na fase final, tem o suficiente para despertar curiosidade no leitor, mas que se perde nos muitos erros resultantes da falta de revisão. 

Sem comentários:

Enviar um comentário