sábado, 2 de junho de 2012

A Menina na Falésia (Lucinda Riley)

Incapaz de lidar com a dor da perda e com uma revelação inesperada acerca do seu companheiro, Grania Ryan deixa a vida que construiu em Nova Iorque e, sem deixar qualquer explicação, retira-se para a casa dos pais, na Irlanda. Mas a sua busca de um refúgio será também o início de uma imensa mudança no rumo da sua vida, ao cruzar-se, junto a uma falésia, com uma criança completamente abstraída do mundo em redor. É assim que, de forma acidental, os caminhos de Aurora e Grania se cruzam, tal como já acontecera com as suas antepassadas. E, entre os mistérios da ligação entre os Lisle e os Ryan, também a história de Grania se assemelhará à do passado. Nos bons momentos, mas também nos maus.
É o mistério em volta de Aurora e do passado da sua família o que primeiro cativa neste livro. As peculiaridades da criança, associadas aos avisos da parte da família de Grania de que esta deveria manter a distância, funcionam como um cativante ponto de partida, despertando curiosidade para o enigma que estará no passado dos Lisle e nas razões que levam a mãe de Grania a julgar que uma relação com eles trará somente desgostos. Parte-se, portanto, de um mistério cativante, e a história cresce a cada revelação, não só à medida que as complexidades das relações familiares - e dos mistérios a elas associadas - vão sendo desenvolvidas, mas também na forma como as diferentes personagens a povoar a história familiar de Grania e Aurora vivenciam as suas relações e conflitos. Há muito de empatia a surgir ao longo da história e o lado humano, frágil e falível, das personagens permite ternura nas pequenas coisas e um grande impacto emocional nos grandes momentos.
A escrita é bastante directa, sem grandes elaborações, mas com uma fluidez cativante e que transmite na perfeição a tensão e a emoção dos grandes acontecimentos. Evoca, também, uma interessante série de contrastes. Ao percorrer diferentes períodos ao longo da linha temporal, a autora constrói uma visão da passagem do tempo tanto no cenário em volta como nas personagens que protagonizam cada período - e nos paralelismos que existem entre as relações das várias personagens. Ao intercalar a história, narrada na primeira pessoa, com alguns interlúdios narrados na voz de Aurora, cria-se algo de proximidade entre personagem e leitor.
Trata-se, portanto, de uma história em que mistério e emoção se conjugam nas medidas certas, para dar forma a um enredo que vive tantos dos acontecimentos - e da sombra do passado que os motiva - como de um conjunto de personagens humanas e com personalidades empáticas. Uma leitura envolvente, escrita com fluidez e com momentos verdadeiramente comoventes. Um livro muito bom.

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