sábado, 27 de novembro de 2010

Branca como a Neve, Vermelha como o Sangue (Alessandro D'Avenia)

Leo não gosta do branco. Para ele, branco é a cor do silêncio, dos dias inertes em que nada acontece. Já a amizade é azul, o azul que vê nos olhos da sua amiga Sílvia. E o amor... o amor é Beatrice, e é vermelho como o sangue. Mas a solidão dos seus dias brancos vai alterar-se. E tudo começa com a chegada de um novo professor que, com as suas ideias invulgares, parece indicar o caminho do sonho. De um sonho que dói, mas que parece ser tudo o que importa.
Centrado essencialmente na força emotiva dos acontecimentos, este não foi, ainda assim, um livro que me cativasse desde a primeira página. A escrita é bastante simples, como reflexo da voz narrativa de Leo, um protagonista que começa por surgir como alguém inconsequente e algo irresponsável. Mas o crescimento de Leo é uma parte fundamental desta história e se, ao início, o seu comportamento não desperta grande simpatia, tudo isso muda quando a sua história e a de Beatrice se cruzam.
Porque Beatrice é o sonho, o alvo do sentimento que, para Leo, parece ser o único verdadeiramente importante dentro de si. E a história das fragilidades desta menina, uma história de dor demasiado precoce, de uma luta contra a morte que parece ser inevitavelmente inútil é a força que impulsiona Leo para se transformar na pessoa que deve ser. Porque o encontro entre a sua natureza impulsiva e a doçura quase impossível de Beatrice acabam por ser a razão do sonho e o impulso para o crescimento.
Mas, por entre as redes do amor e da morte, há também a amizade e Sílvia reflecte muito bem esse apoio às vezes tão necessário que é ter a certeza de um amigo à espera, nos bons e nos maus momentos. Ainda que, por vezes, os sentimentos não sejam o que parecem e até a mais sólida das ligações possa falhar.
Um livro leve, com uma escrita muito simples e que, talvez pela necessidade de reflectir o crescimento do próprio protagonista, demora o seu tempo a ganhar intensidade. Ainda assim, uma história que marca pela força dos sentimentos que contém e que, apesar da sua aparente simplicidade, não deixa de reflectir uma importante parte da natureza humana: a emoção.

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