domingo, 14 de novembro de 2010

O Desertor (Daniel Silva)

Grigori Bulganov, o russo que salvou a vida de Gabriel Allon, parece ter reconstruído a sua vida em Inglaterra. Mas, subitamente, desaparece. Agora, as autoridades julgam que terá voltado a desertar e que, indirectamente, a culpa é de Gabriel por ter avaliado mal as suas intenções. Mas há mais que isso neste desaparecimento e, ao tentar desvendar os verdadeiros motivos do desaparecimento de Bulganov, Gabriel acabará por se colocar no caminho de um dos seus maiores inimigos. E os ataques não terão como alvo senão os pontos mais dolorosos...
Depois de uma primeira experiência de leitura deste autor que, sendo cativante o suficiente, não me marcou por completo, este livro não poderia deixar de ser uma imensa surpresa. Se a história é muito mais complexa que em O Confessor, é também muito mais viciante, quer pelo ritmo a que acontecimentos e surpresas se sucedem, quer por um maior cuidado na caracterização das personagens e na criação de laços entre esta e o leitor.
Gabriel Allon é um protagonista extraordinário e se o que dele é revelado em O Confessor serve apenas para o mostrar como figura enigmática e de passado tortuoso, este livro revela-o em toda a sua carismática liderança, mas também no auge da sua humanidade. Há mais em jogo que a defesa dos interesses do seu país. É pessoal a forma como tudo o que tem de mais próximo é, mais uma vez, ameaçado e é este facto que dá a conhecer o melhor e o pior de Gabriel. Assassino a sangue-frio e líder inabalável, em oposição, mas em co-existência com o homem marcado pelo passado e que se vê ante a possibilidade de, mais uma vez, perder tudo. Forte... mas humano. E, por isso, capaz de inspirar simpatia.
Ainda que seja uma sequela directa a As Regras de Moscovo, julgo que este livro poderá ser lido independentemente, já que, ao longo do enredo, o autor vai recapitulando os principais acontecimentos necessários à completa compreensão do que está a suceder. Ainda assim, existem referências a vários acontecimentos anteriores que, ao serem resumidos, deixam uma certa curiosidade em ver o cenário completo. Há, pois, uma certa tensão entre personagens que talvez possa ser melhor apreciada após uma leitura prévia de As Regras de Moscovo. Afinal, uma das grandes características de Gabriel é o seu passado tormentoso e este livro deixa também a curiosidade em conhecer essa história de forma mais aprofundada.
Intenso e envolvente, com um ritmo de acontecimentos cheio de surpresa, uma série de personagens cativantes (com particular destaque, como não podia deixar de ser, para Gabriel e a sua equipa) e alguns momentos de marcada emotividade, um livro cheio de mistérios e segredos, mas também de uma força especial. Muito bom.

Sem comentários:

Enviar um comentário