segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Fogo de Istambul (Jason Goodwin)

Istambul. Século XIX. Na sequência do desaparecimento de quatro oficiais na Nova Guarda e posterior descoberta do cadáver de um deles, Yashim Togalu é chamado a investigar. Entretanto, uma das mulheres do harém do sultão é encontrada morta, no mesmo dia em que as jóias oferecidas por Napoleão à valida sultana são roubadas. Cabe, pois, a Yashim, o eunuco, descobrir a verdade por detrás destes estranhos mistérios.
Numa interessante conjugação de história policial e ficção histórica, Jason Goodwin dá início, neste livro, às investigações de Yashim, um indivíduo peculiar. A sua condição de eunuco, aliada a uma discrição natural, permitem-lhe acesso a lugares onde poucos são permitidos e são também as suas relações com figuras tão distintas na sua importância social como a bailarina Preen e o embaixador da Polónia que lhe permitem obter informações e seguir as pistas que o levarão à verdade. Mas, como investigador, Yashim está longe de ser perfeito, cometendo ao longo do percurso erros que o colocarão em situações delicadas.
Com uma escrita envolvente, mas sem esquecer alguns momentos mais descritivos, o autor cria uma imagem bastante clara da Istambul do século XIX, ao mesmo tempo que, com o desenrolar da intriga, apresenta uma teia de mistérios e conspirações progressivamente mais complexa, que culmina com um final intenso, onde relações imprevistas acabam por ser reveladas. Há, ainda assim, um maior detalhe na caracterização geral do cenário e das entidades colectivas envolvidas ou suspeitas na conspiração (nomeadamente, no que toca aos costumes dos janízaros e dos karagozi) do que das personagens em particular. Assim, e ainda que haja momentos tocantes relativamente a outras figuras, são poucos os intervenientes em toda esta história que criem um laço de empatia mais constante.
Um cenário interessante, uma história cheia de enigmas e um protagonista que, ainda que faça, por vezes, lembrar um Sherlock Holmes, surpreende não só pelos seus sucessos, mas pela calma admissão das suas fragilidades. Fica a curiosidade em conhecer mais sobre este invulgar detective.

Sem comentários:

Enviar um comentário