quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Carmen (Prosper Mérimée)

Carmen, a história que dá título a este livro (e que, contrariamente à minha ideia inicial, é acompanhada neste livro por um outro conto) conta a história de um homem que, guiado por uma devastadora paixão por uma cigana, acaba por se tornar ladrão e assassino, colocando-se no caminho que ela própria lhe prometera ao dizer-lhe que, um dia, acabaria por causar a sua morte. Trata-se de uma história bastante envolvente, com momentos de grande intensidade e um ritmo geral agradável, onde o amor, na sua forma obsessiva, é causa de crime e de morte e onde tanto Carmen como o seu perturbado amante reflectem, na força das suas personalidades, o antagonismo das suas formas de ser. Fica, apenas, como ponto menos bom, a presença de um último capítulo essencialmente explicativo acerca dos costumes ciganos e que, ainda que bastante interessante, deixa a sensação de nada acrescentar à história.
O segundo conto é Mateo Falcone, e conta a história do filho de um talentoso atirador e de como, motivado por um interesse infantil, a criança esconde um foragido das relações do seu pai. Uma história onde relações complicadas e interesses em conflito acabam por motivar traições e reparações por meio de uma justiça demasiado severa. Intenso e cativante, com vários momentos surpreendentes, este conto peca, talvez, por um final demasiado brusco, tendo em conta o impacto dos acontecimentos finais.
Destas duas histórias, interessantes e envolventes na generalidade, ainda que com pequenos aspectos menos bons, fica a sensação de uma obra marcada por uma certa propensão para a tragédia. E é esta, aliada a um certo pormenor descritivo e à escrita fluída e agradável, a principal razão que me deixa vontade de ler mais deste autor.

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