segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Malinche (Laura Esquivel)

Após a morte da avó, Malinalli é oferecida como escrava pela própria mãe. Mas este abandono não será a sua desgraça. Destinada a servir Cortès, Malinalli servirá de intérprete entre os conquistadores e os indígenas. Para ela, Cortès é o seu deus que regressa para devolver ao seu povo a tranquilidade. Mas cedo descobrirá que, apesar da estranha relação que se estabelece entre ambos, os interesses do seu senhor são bem menos divinos.
Apresentando uma visão bastante particular da conquista, é na contextualização da época que este livro tem o seu grande ponto forte. Tradições, rituais, deuses e crenças são explicados de forma bastante precisa, colocados em evidência pelas claras diferenças que existem entre os conquistadores e o povo de Malinalli. A fé de Malinalli é, na verdade, a grande base da sua ilusão, julgando através das semelhanças entre Cortès e o seu deus, que serve um libertador, quando não podia estar mais errada nos seus pensamentos. E também as mudanças causadas pelo seu percurso influenciam o crescimento da protagonista: do abandono ao perdão, da submissão à coragem, do vazio à felicidade.
Apesar de ser um livro onde, para lá do contexto histórico, a mensagem emocional pretende desempenhar um papel importante, a verdade é que não senti grande empatia para com as personagens. Talvez devido aos saltos temporais (principalmente nos primeiros capítulos) ou a uma predominância de caracterização histórica em detrimento dos elementos mais humanos, a verdade é que toda a relação entre Cortès e Malinalli (mesmo nos seus melhores momentos) e até mesmo os acontecimentos mais negros parecem ser apresentados com uma certa distância, como simples factos sem grandes emoções associadas.
Uma leitura interessante, particularmente pela descrição das tradições e crenças de dois povos em colisão, mas que deixa a sensação de que os protagonistas são secundários em relação à história global. Interessante o suficiente, mas não me cativou por completo.

2 comentários:

  1. Há uns meses iniciei a leitura desse livro e fiquei-me pelas vinte e poucas páginas. Afinal não vou chegar a arrepender-me.

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  2. Eu li esse livro. Tenho a opinião diferente da sua em alguns aspectos... A relação de Cortéz com Malinalli é fria e sim, não sentimos muita empatia pelas personagens, no entanto a descrição dos deuses, a comparação entre o explorador e o explorado, a mescla ou proximidade de ambos... enfim, é linda e a espiritualidade presente é incrível... Sinto que não tenha gostado do livro tanto quanto eu, mas certamente deves ter encontrado algum que você goste e eu não, são só opiniões.

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