terça-feira, 2 de novembro de 2010

A Pequena Loja de Blossom Street (Debbie Macomber)

Lydia Hoffman é uma sobrevivente. Depois de duas vitórias contra o cancro, a sua decisão de abrir uma loja de lãs - curiosamente chamada O Fio da Meada - é mais que um negócio: é uma afirmação de vida e de vontade de prosseguir. E, ao dar início a um curso de tricô, Lydia irá conhecer mulheres muito diferentes, na intensidade das suas histórias, mas entre as quais se criará uma profunda amizade e uma terna relação de partilha, nas pequenas tragédias, nos sucessos que alegram a vida quotidiana e na descoberta de um amor às vezes tão distante que parece inatingível.
É fundamentalmente a componente emotiva o elemento que se destaca neste livro. Não só do amor romântico, mas da ternura, da amizade sem reservas e do forte sentimento que une os diferentes membros de uma família. As mulheres desta história não podiam ser mais diferentes entre si, mas as suas reuniões de sexta-feira servem também para partilhar problemas, para descobrir pontos em comum e é dessas pequenas coisas que se vão criando profundas amizades. A mais flagrante é, claro, a de Alix e Jacqueline, tão diferentes em termos de gostos e vida social, que seria difícil imaginar que uma relação de amizade tão interessante se pudesse criar entre elas.
Claro que existe romance ao longo deste livro, mas não é esse o aspecto mais marcante da história. Em Lydia e na sua relação com Brad, não é apenas o amor que nasce entre eles, mas a constância, a presença necessária nos momentos mais duros, a força para resistir ao desânimo e a capacidade de partilhar emoções também nos momentos maus. Já em Alix e Jordan, é a colisão de dois mundos completamente diferentes, a capacidade de mudar nas pequenas coisas, aceitando, ainda assim, as diferenças entre ambos. Em Jacqueline e Reese, é o amor de longa data que esmoreceu por um acontecimento passado, que se manteve numa mentira prolongada que, aliada aos preconceitos do meio social, afastam as possibilidades de sintonia. E em Carol e Doug, é a ânsia desenfreada de ultrapassar a dificuldade crescente em ter um filho, a necessidade que se impõe como prioridade ante a relação do casal.
Histórias de relações a dois, com as suas complexidades, mas que não se limitam a si próprias, mas criam uma interacção com o mundo em redor - família, amizades, até mesmo encontros casuais - para criar uma leitura leve, escrita de forma descontraída e até viciante, mas de uma forma intensa e emotiva, onde é quase impossível não sentir com as personagens.
Cativante, comovente e com uma forte mensagem de amor e de persistência, um livro agradável, que se lê quase compulsivamente e que apela, sem margem para dúvidas, a grandes emoções. Ficam por explorar alguns aspectos da vida destas mulheres, deixando em aberto algumas perguntas. Ainda assim, o resultado final é uma leitura muito interessante e que deixa vontade de ler mais. Não uma história feita de grandes acontecimentos, mas dos pequenos sonhos e realizações de cada dia. Dessas coisas de que é, afinal, feita a vida.

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