sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Deixa-me Entrar (John Ajvide Lindqvist)

Oskar é um rapaz de doze anos. Tem uma imaginação fértil, gosta de livros de terror e é maltratado na escola pelos colegas. Até que, um dia, conhece Eli, uma rapariga estranha, mas que, com o seu estranho fascínio, parece ser a hipótese de criar uma verdadeira amizade. Mas anda um assassino à solta em Blackeberg e, de acontecimento em acontecimento, as coisas tornam-se progressivamente mais estranhas e Eli... Eli não é uma rapariga normal.
Misterioso e intrigante desde a primeira página, Deixa-me Entrar apresenta uma história complexa, onde situações macabras e simplesmente revoltantes são tratadas como parte da normalidade e onde nem as crianças são completamente inocentes. E, contudo, apesar do imenso potencial de choque que vai sendo revelado ao longo de toda esta história, a forma como o autor a apresenta, sem dramatismos, sem elaborações desnecessárias, parece tornar tudo estranhamente próximo. É como se tudo fosse aceitável e normal e acaba por ser essa mesma sensação a deixar no leitor o máximo de impacto. Não são as mortes macabras nem a tensão do medo inevitável. É a forma quase natural como a sociedade aceita o impossível, da mesma forma que tolera situações de miséria e de transgressão, como se simplesmente não as visse.
Há muito mais que a história de Eli neste livro. E se as revelações acerca desta criança são, por si só, base de uma linha narrativa intensa e surpreendente, não menos o são os acontecimentos que envolvem a história de Lacke e Virginia, a recusa obsessiva de Tommy em aceitar a relação da mãe, ou até a história do assassino que, por meios aparentemente impossíveis, consegue evadir-se à morte. Cada um destes elementos, ligados para criar um retrato global de um cenário onde quase tudo parece ser permitido, é, por si só, uma parte relevante e interessante de um livro que é, todo ele, uma visão impressionante de um mundo particularmente insensível.
Intenso, perturbador, complexo e, ainda assim, de uma fluidez impressionante, um livro que marca pela quase inocência de alguns momentos, pela passividade com que muito de crueldade é aceite sem grandes reacções e, principalmente, pela forma como a realidade se liga ao impossível numa história toda ela muito impressionante. Muito bom.

4 comentários:

  1. Quero muito ler este livro, porque vi o filme e o livro parece ser ainda melhor.

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  2. Aí está um livro que ando mesmo com muita vontade de adquirir... Mas o seu preço é um pouquito elevado.
    Bjos*

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  3. Nossa!! Adorei resenha =D

    Vc leu o livro em português de Portugal?
    Achei que Nao tivesse em português e já ia comprar em espanhol ou ingles mesmo.

    Estou vendo o filme e é mto interessante *-*

    E qnd lançar, verei a versão americana...

    Bai o/

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  4. algun site que o tenha pra vender ?? nao o encontro , se alguem souber de algun confiavel avisem por favor...comens4l@hotmail.com

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