quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

E Agora? (Miguel Henriques)

Define-se este livro como a história de um inspector da Polícia Judiciária e do seu papel no mundo, tanto enquanto investigador, como nas complexidades da sua vida pessoal. História de um homem e do mundo em seu redor, das experiências que lhe terão marcado a vida e das complexidades dos que com ele convivem. De mistérios e de paixões, de crimes resolvidos e por resolver, das situações que se encerram e das que ficam sem resposta. De vida, em suma, com o que se completa e o que sempre fica em aberto.
Importa dizer, antes de mais, que este não é um livro de leitura compulsiva. Há bastantes detalhes a serem desenvolvidos e uma fase inicial onde predomina a descrição. Isto faz com que a história avance de forma lenta, insinuando-se aos poucos na memória do leitor, de forma a que a curiosidade vai surgindo aos poucos, numa narrativa bastante pausada, mas com uns quantos pontos de interesse. Além disso, o que parece, por vezes, ser uma história de mistério acaba por se revelar algo bem diferente. Esta não é a história do suicídio que fez com que, pela primeira vez, os caminhos de Cassiano e Mónica se cruzassem. Ou, pelo menos, não é essa a história principal. Assim, o que parece ser a linha principal do enredo acaba por ser apenas uma de muitas situações que se cruzam para definir uma vida. Porque é, afinal, a vida de Cassiano o foco principal deste romance.
Nota-se, ao longo de toda a narrativa, a vontade de transmitir uma mensagem, tanto a nível do que será a vida de um inspector, como dos valores que definem o protagonista. Isto é algo que, por vezes, resulta em diálogos extensos e, nalguns momentos, demasiado explicativos, mas que acaba por não prejudicar grandemente o ritmo da narrativa, já que o ritmo se adequa ao tom pausado e descritivo que define, afinal, grande parte do romance. E a mensagem é transmitida, de facto, e tanto por esses momentos de reflexão como pelas situações de surpreendente intensidade que, por vezes, surgem no decorrer do enredo.
Não sendo uma leitura fácil, quer pelo ritmo lento quer pela abundância de temas sobre os quais reflectir, fica, ainda assim, desta leitura, uma opinião final bastante positiva, principalmente devido à empatia que, com todas as dificuldades de percurso, o protagonista vai, aos poucos, conquistando ao leitor. Interessante e envolvente q.b., gostei de ler.

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