quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

O Príncipe Caspian (C.S. Lewis)

Passaram séculos em Narnia e o maravilhoso lugar onde os animais falavam, as árvores dançavam e quase tudo era mágico transformou-se num cenário bem diferente. Agora, e sob a autoridade de Miraz, as velhas memórias de Aslan e dos antigos reis são apenas histórias proibidas. Principalmente para Caspian, sobrinho e herdeiro de Miraz, sobre quem as histórias exercem um estranho fascínio e cuja vida muda quando a rainha dá à luz um filho. Assim, a vida de Caspian fica em perigo e, contando apenas com alguns aliados improváveis e com a promessa de uma ajuda vinda das antigas histórias, Caspian tem de encontrar uma forma de tomar o lugar que é seu por direito. E, quando a ajuda é convocada, Lucy, Edmund, Peter e Susan vêem-se de volta ao mundo que, um dia, governaram...
Evidenciam-se neste livro os mesmos pontos fortes dos volumes anteriores: a escrita cativante, com uma cuidada caracterização tanto de cenários como de personagem, a mensagem de valores que prevalecem, mesmo em tempos conturbados e o contraste entre a manifesta inocência e as dificuldades da situação. Se Caspian é o protagonista, não é por isso que as personagens já conhecidas perdem relevância e há tanto de interessante no regresso de Lucy e dos seus irmãos como na luta de Caspian pelo trono.
É, aliás, desse regresso que se define uma história onde os contrastes são muito evidentes. Da ruína que se tornou Cair Paravel, das mudanças operadas sobre os lugares conhecidos e até da forma como homens e animais passaram a comportar-se surge uma diferença entre a Narnia de O Leão, A Feiticeira e o Guarda-Roupa e o cenário que é agora apresentado. Mas nem só o lugar sofreu uma evolução. Das interacções entre os quatro irmãos, nota-se uma diferença de atitudes, provocada talvez pelo crescimento (Peter e Susan são quem mais hesita na hora de acreditar no improvável). Dos habitantes de Narnia nota-se a dúvida resultante do distanciamento para com o passado. E, de todas estas circunstâncias, surge uma história de dúvidas e de crescimento da fé, mas, principalmente, da descoberta de um lugar no mundo, tanto para Caspian como para os seus adversários.
História breve, mas cativante e com as medidas certas de acção, emoção e reflexão, também neste regresso a Narnia há muito de bom para descobrir. Com momentos de ternura e de inocência, e também com uma bela lição de coragem e lealdade, mais um livro muito bom.

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