segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pátria (R.A. Salvatore)

Em Menzoberranzan, cidade dos drow, o conflito é uma constante e a regra essencial é não ser apanhado. Mas, no dia de uma batalha entre duas Casas importantes, nasce uma criança de olhos púrpura. Filho da sua raça, mas incapaz de se submeter a um sistema onde conspiração e morte reinam, inabaláveis, sob a sombra de uma deusa cruel, Drizzt Do'Urden sobressai no seu mundo por um sentido de honra e de rectidão que se opõe a tudo o que define o que é ser drow. Como poderá, pois, sobreviver, num mundo completamente oposto aos seus valores?
Não serão completamente estranhas as criaturas que povoam este livro. Elfos, anões e orcs serão figuras sobejamente conhecidas para muitos leitores de fantasia. Mas há em Pátria o início de uma história diferente, num mundo onde, se o bem e o mal parecem estar, à partida, bem definidos, a verdade é que bem e mal em cada indivíduo acabam por se revelar mais complexos do que seria de prever. E Drizzt é o perfeito exemplo disto. Nascido de uma sociedade feita de comportamentos associados ao mal - traição e conspiração são um elemento quase constante em Menzoberranzan -, educado para, a bem ou a mal, se submeter ao sistema em que cresceu e a aceitar tanto a hierarquia como os valores que a regem, Drizzt revela, ainda assim, o melhor de uma personalidade fundamentalmente recta. Capaz da medida de engano necessária à sobrevivência, mantém, apesar disso, a essencial fidelidade aos seus princípios. E, num cenário como o de Menzoberranzan, isto é algo particularmente marcante, e algo que o autor desenvolve particularmente bem.
Destacam-se, portanto, deste livro a força e o carisma do protagonista. Mas não só. O próprio sistema que define Menzoberranzan, com a hierarquia da cidade e dentro de cada Casa, tem muito de interessante para descobrir, tanto pelo sistema matriarcal, como pelos mistérios da estranha (e algo sinistra) Lolth. Este curioso sistema, aliado a uma série de intrigas e conspirações, dá ao crescimento pessoal de Drizzt, história por si só bastante cativante, uma maior complexidade e uma visão mais ampla do cenário global.
Envolvente, com momentos de grande intensidade emocional e um mundo vasto em potencial, este é o início de uma história onde há, seguramente, ainda muito por explorar. Com um protagonista fascinante e as medidas certas de acção, intriga e emoção, um início de série muitíssimo interessante.

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