sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Exílio (R.A. Salvatore)


Dez anos sozinho no Subescuro tiveram consequências para o equilíbrio mental de Drizzt Do'Urden. Dividido entre os princípios que o levaram a deixar Menzoberranzan, o interminável silêncio da quase absoluta solidão e a necessidade de lutar pela sobrevivência contra as criaturas que percorrem os túneis fizeram da consciência de Drizzt um lugar ambíguo: por um lado, o temível caçador que age guiado pelo instinto, por outro o elfo negro que, tão diferente dos outros da sua espécie, se viu forçado a deixar para trás tudo o que conhecia. Mas Menzoberranzan não esquece e, enquanto Drizzt luta com os seus próprios dilemas, também a sua própria família se prepara para o perseguir. É que as suas acções levaram a que os Do'Urden caíssem em desgraça aos olhos da deusa... e só a morte pode reparar esse dano.
Longe, em grande parte, do cenário apresentado no primeiro volume desta trilogia, há, ao longo da narrativa, bastante de novo para descobrir. Menzoberranzan e, particularmente, Malice Do'Urden continuam a ter um papel determinante no rumo de toda a história, mas, mais que a perseguição e a Drizzt e as consequências de um possível fracasso, é o percurso do próprio Drizzt o que mais marca neste livro. De uma solidão cada vez mais insuportável cria-se, à partida, empatia para com o protagonista. E, das suas escolhas e descobertas, com todo o consequente impacto no rumo da sua vida, surgem momentos intensos e de grande força emotiva, potenciando a empatia já existente para com o elfo renegado.
Tal como no primeiro livro, os momentos de acção e a considerável caracterização dos lugares onde esta decorre conjugam-se num bom equilíbrio, o que, associado aos momentos mais emotivos, faz com que a leitura se mantenha envolvente desde o início ao fim. É o protagonista a grande força desta história, mas há outros elementos interessantes a descobrir. Belwar, com as suas próprias sombras e o passado que o liga a Drizzt, e Clacker ,com a inevitável dualidade resultante da sua transformação, complementam bem a natureza do protagonista, dando outra perspectiva aos seus dilemas anteriores. Além disso, a situação em Menzoberranzan contribui para o que se insinua como uma impressão de continuidade: os problemas não acabaram com a partida de Drizzt e todas as escolhas têm as suas consequências.
Uma boa história, com personagens cativantes e um rumo de acontecimentos bastante diferente do de Pátria (ainda que os valores permaneçam iguais), Exílio continua, de forma interessante e com vários bons momentos, uma história que, não sendo um mundo completamente novo, marca, ainda assim, pelas figuras que o povoam.

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