sexta-feira, 3 de junho de 2011

Falsas Impressões (Jeffrey Archer)

Uma mulher assassinada na noite em que parece ter encontrado a solução para os seus problemas. Um banqueiro sem escrúpulos que não hesita em recorrer aos métodos mais censuráveis para conseguir o que deseja. Um agente do FBI envolvido numa investigação complicada. E, no centro de tudo isto, Anna Petrescu e a sua necessidade de salvar dos esquemas do seu chefe o património dos Wentworth.
Bastante diferente dos livros que conhecia deste autor, Falsas Impressões é, no essencial, um mistério de acção intensa e ritmo compulsivo. Com capítulos pequenos e um ritmo de acontecimentos sem momentos mortos, a leitura cedo se torna viciante, apesar das muitas personagens que compõem este enredo onde um auto-retrato de Van Gogh acaba por se revelar a figura central.
Ao acompanhar diferentes personagens através dos seus percursos, e devido à quase constante tensão provocada pela necessidade de fuga (do lado de Anna) ou de descoberta (da parte dos restantes), não há, durante grande parte do livro, muitas revelações acerca da personalidade e do passado dos intervenientes na narrativa. Há, sim, uma série de ligações que vão sendo insinuadas através de vagas referências, para serem explicadas já numa fase avançada do enredo. Ora, se isto contribui para uma maior intensidade nos momentos finais da narrativa, há, por outro lado, uma menor empatia para com as personagens, ficando a impressão de que mais haveria a dizer sobre alguns deles.
Assim, o mais interessante neste livro, mais até que o mistério principal, é a forma como o autor apresenta, de forma precisa e directa, acontecimentos históricos relevantes (como o 11 de Setembro e os crimes de Ceausescu) relacionando-os com a sua história e as suas personagens. A isto acrescem os elementos associados à arte, não tanto como acto de criação, mas como negócio ou paixão de coleccionadores, particularmente evidentes no contraste entre a obsessão de Fenston e a quase devoção de Nakamura.
Não tem a profundidade e a intensidade emotiva de um livro como Caminhos de Glória (do mesmo autor). Ainda assim, há neste livro vários elementos de interesse, que, associados a uma história envolvente e escrita de forma directa e viciante, fazem deste Falsas impressões uma leitura cativante e agradável. Gostei.

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