quarta-feira, 1 de junho de 2011

A Valsa Lenta das Tartarugas (Katherine Pancol)

O sucesso do seu primeiro romance mudou a vida de Joséphine Cortès. Agora, vive num bom apartamento com a filha mais nova, enquanto a mais velha estuda em Londres. Mas nem tudo corre bem na sua família. O homem que julga amar parece-lhe estranho e distante. A irmã está internada devido a uma depressão severa. E a mãe não quer saber senão dos seus próprios interesses. Como se tudo isto não bastasse, o mundo de Jo terá ainda de ser abalado pela descoberta de uma nova paixão, pelo ataque de um serial killer e pela possibilidade de que o seu marido, supostamente morto por um crocodilo, talvez não esteja assim tão morto...
Tal como em Os Olhos Amarelos dos Crocodilos, há toda uma vastidão de histórias e de figuras que se cruzam ao longo deste livro. E se, talvez pela familiaridade já existente, é agora mais fácil reconhecer e assimilar os actos, pensamentos e motivações de cada um deles, as mudanças operadas sobre a vida de vários deles, bem como o surgir de novos elementos e personagens, criam uma teia de acontecimentos que se vão cruzando e que, quer pelas mudanças que implicam, quer pelo que, por vezes, é deixado por responder, exigem uma atenção constante para que o enredo não se torne confuso.
Há algo de caricatural em várias personagens, um certo exagero nos traços de carácter que lhes ditam a acção. Jo, a eterna insegura, carente de afectos. Hortense, a racional, pouco afectiva. Íris, interesseira e com uma capacidade de vitimização impressionante... E, contudo, este exagero dá leveza ao enredo, ao mesmo tempo que, na variedade de comportamentos mais ou menos extremos, reflecte, ainda que, por vezes, de forma um pouco excessiva, pequenos laivos de comportamentos comuns a muitas pessoas.
Dos novos elementos a surgir neste livro, o mais interessante e o que acrescenta à narrativa os melhores momentos de humor é Júnior, o bebé génio. Curioso tanto pela forma como interage com os que o rodeiam como pela explicação que é dada para a sua natureza, dá à narrativa um toque de improvável que contrasta com a tensão dos momentos mais complicados.
Com uma história, no geral, bastante agradável, ainda que marcada por algum exagero, este livro surpreende principalmente pela forma como situações altamente improváveis se conjugam com pequenos aspectos do quotidiano. História de relações, múltiplas e intrincadas, A Valsa Lenta das Tartarugas acaba por se revelar, apesar da dimensão e dos muitos enredos cruzados, uma leitura surpreendentemente leve.

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