terça-feira, 14 de junho de 2011

A Favorita do Rei (Sandra Worth)

Filha de Eduardo IV de Inglaterra, Isabel de York viveu e marcou um tempo de grandes mudanças. Desde a infância marcada pela instabilidade do reino e pela ambição que sempre guiava os passos da sua mãe à descoberta de uma paixão impossível e, depois, ao sacrifício de vontades e liberdades com o objectivo de conquistar o melhor para o reino, é a história da rainha que o seu povo designaria como Isabel, a Bondosa, a que é contada neste livro.
Começando no reinado de Eduardo IV e percorrendo um longo caminho até à morte do primogénito de Henrique VII, é interessante a forma como a autora apresenta, através da voz da protagonista, uma visão abrangente de um período histórico longo e marcado por grandes mudanças. Vendo através dos olhos de Isabel, a autora constrói uma visão quase pessoal de acontecimentos maiores, vistos na medida em que abalam as esperanças, as ilusões e o orgulho da protagonista, ao mesmo tempo que mudam o rumo da sua vida e ameaçam a segurança e a sobrevivência dos que, para ela, são mais importantes. É curioso, aliás, que a personalidade de Isabel seja aquela que menos se destaca, já que, se a narrativa revela bem as suas emoções, as características dos que rodeiam a protagonista são bem mais perceptíveis nas suas impressões.
É nos pequenos detalhes e nos momentos mais pessoais, mais até que nos grandes episódios históricos, que se encontram as situações mais cativantes deste livro. Desde a paixoneta de Isabel por Thomas, a evolução quase imperceptível dos seus sentimentos por Ricardo e a natureza algo censurável da postura do seu filho Henrique (particularmente quando comparada com a quase perfeição de Artur), são estas pequenas situações que criam a proximidade emocional que dará impacto aos grandes momentos e força às reacções perante as grandes notícias.
Com uma escrita envolvente, um ritmo agradável e alguns momentos de grande força emocional, este é um livro que, apesar de alguns dos acontecimentos narrados serem já familiares (efeito secundário de uma época comum a vários outros romances), cativa essencialmente pela forma próxima como, através dos olhos de Isabel, as figuras e os acontecimentos da sua época são apresentados. Agradável e cativante, uma boa leitura.

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