José Águas foi uma das figuras mais marcantes do futebol português. Não apenas pela sua elegância e técnica invulgar na abordagem ao jogo, mas, sobretudo porque sempre soube exibir essas qualidades numa função – a de avançado-centro – que não exigia, naquela época, tão subtil desempenho.
Do n.º 9 de antigamente, encaixado no eixo do ataque, entre os interiores, esperava-se, pelo contrário, empenho e espírito de luta, de que a capacidade de concretização era seu natural complemento. O virtuosismo ficava entregue a outros. Dele só se esperava a eficácia. Águas teve o mérito de aliar estes dois conceitos.
A classe, que fez transbordar nos relvados (e também nos incríveis pelados de início), e os golos, muitos, que galvanizaram multidões.
Uma das primeiras imagens que ressaltam nas páginas deste livro é a de um jovem jogador a «nadar» dentro de um casaco emprestado por Ted Smith, gigante louro e o primeiro treinador que conheceu no Benfica: o casaco largueirão foi, simbolicamente, a primeira camisola encarnada que Águas pai envergou ao serviço do clube da sua paixão. Outra imagem forte prende-se com a sua forma de estar em campo. Quem o viu jogar nunca mais esqueceu os saltos ágeis e felinos, «como se uma gazela brincasse no capim alto», nem os golos de antologia que marcou, sobretudo de cabeça, revelando a sua classe de fino jogador.
Para além de se destacar em campo, José Águas revelou-se também fora das quatro linhas. Escrevia cartas de amor tocantes, postais ternos e divertidos aos filhos. Falava da família, da «sua senhora», com um amor profundo. As suas crónicas contribuem para traçar um retrato rigoroso e crítico do mundo do futebol à época.
Mais do que uma biografia, este livro é o retrato inspirador de um desportista com cabeça que sempre teve o Benfica no coração.
Helena Águas nasceu em Lisboa, em 16 de Junho de 1956. Começou a cantar desde pequenina, acompanhando-se, a partir dos 14 anos, à viola oferecida pelo pai, José Águas. Nos primeiros tempos, interpretava as canções de Melanie Safka, que tirava de ouvido depois de ter aprendido com um amigo os primeiros acordes. Com ele aprendera a tocar as canções, na época proibidas, de Zé Mário Branco, Zeca Afonso e Sérgio Godinho. Em 1978 concluiu o curso do Magistério Primário. Dois anos mais tarde, com Luís Pedro Fonseca e José da Ponte, fundou o agrupamento Salada de Frutas. «Robot» tornou-se um dos hinos do movimento de expansão do rock português. Em 1981, na companhia de Luís Pedro Fonseca, formou o grupo Lena d’Água & Atlântida e editou os álbuns Perto de Ti, Lusitânia e Terra Prometida com o produtor inglês Robin Geoffrey Cable. «Sempre Que o Amor me Quiser» e «Dou-te Um Doce» obtiveram grande êxito, assim como a versão de «Estou Além», tema de António Variações incluído no LP Aguaceiro, lançado em 1987 com a produção de António Emiliano, e que levou ao álbum Tu Aqui (1989).
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