sábado, 18 de junho de 2011

O Ícone (Gary Van Haas)

Garth Hanson é um artista com problemas. Os sonhos de sucesso não se revelaram tão simples na realidade e, por isso, as dívidas acumulam-se. Por isso, quando um estranho o visita com uma proposta irrecusável, Garth não tem alternativa a não ser deslocar-se às ilhas gregas para cumprir a sua parte do acordo: fazer uma cópia do ícone de Tinos. O problema é que, chegado a Mikonos, Garth descobre que há uma superstição associada ao objecto e um interesse maior que o simples lucro com a falsificação do ícone...
É bastante interessante a ideia que serve de base a este livro. A questão do ícone e da possível maldição levanta algumas possibilidades intrigantes e o mesmo acontece com o mistério associado a John Ralston. Além disso, há uma intensidade no ritmo dos acontecimentos que, sem prelúdios ou grandes descrições, dá à leitura uma certa envolvência, já que a acção é algo de quase constante.
O que me leva ao principal problema: tudo parece acontecer depressa demais. Desde o momento em que Garth conhece o seu "empregador" até à resolução final dos acontecimentos, o foco está sempre numa linha de acontecimentos, deixando para segundo plano não só algumas justificações necessárias, mas também a caracterização de ambiente e a definição das personagens. Até mesmo os vislumbres do passado de Garth são percorridos de forma apressada e algo superficial.
Fica também a impressão de que existem demasiados elementos em jogo e que parte deles se perdem ao longo do percurso. Das mortes associadas ao ícone fica apenas uma referência vaga. Da relação entre Garth e Linda uma vastidão de possibilidades por explorar. E de toda a conspiração em redor do segredo oculto no Ícone a impressão de que muito mais haveria a dizer.
Há alguns bons momentos ao longo da narrativa e, de modo geral, é uma leitura agradável. É inevitável, ainda assim, a constante sensação de que falta qualquer coisa. E foi esse potencial inexplorado que fez com que, apesar de uma escrita envolvente e de uma história com alguns pontos de interesse, este livro não me cativasse por completo.

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