quarta-feira, 29 de junho de 2011

O Último Desejo (Andrzej Sapkowski)

Onde quer que vá a sua reputação precede-o. Geralt de Rivia, o bruxo de cabelos brancos. O seu trabalho é matar os monstros que se cruzam no caminho de quem solicita os seus serviços. A sua história... é maior que a das suas aventuras. E é entre as diferentes aventuras que este livro apresenta que se começa a vislumbrar o início de uma história maior, bem como o que define uma personagem bem mais complexa que o revelado pela sua reputação.
Composto por diferentes aventuras, ligadas por alguns breves episódios de transição, este livro funciona, em grande medida, como introdução ao que se afigura como uma história maior. Com excepção da linha que une as várias aventuras, cada história apresentada tem um início e um fim (ainda que algumas deixem algumas possibilidades em aberto). E, assim, o que mais desperta curiosidade para ler o que virá depois é, precisamente, a personalidade de Geralt. Misterioso, algo solitário, revela-se mais na sua atitude perante as missões que lhe são apresentadas que propriamente nas conversas possíveis. E aquilo que define como "o código dos bruxos" acaba por ser também (à medida que a sua origem é explicada) um indicativo da sua verdadeira natureza.
A escrita é agradável. As histórias são todas elas bastante envolventes, surpreendendo principalmente pela adaptação algo distorcida de elementos retirados a lendas e contos de fadas. Isto, aliado a toda uma vastidão de criaturas, das quais só vemos realmente uma pequena parte, e a um final que deixa muito em aberto, contribuem para solidificar a impressão de que o vasto potencial deste mundo apenas começou a ser explorado neste livro.
Cativante, de leitura agradável, a impressão final deste O Último Desejo é a de um início bastante promissor para uma história da qual, na prática, ainda pouco foi revelado. Mas fica também já uma certa empatia para com o protagonista e a inevitável curiosidade em saber quais serão as suas próximas aventuras. Vale a pena ler.

2 comentários:

  1. Sendo um fã do jogo de video The Witcher, estou curioso para ler sobre a personagem que o inspirou Geralt de Rivia.

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  2. Finalmente tive a oportunidade de ler. Não fiquei nada desiludido.

    Apesar de fã dos jogos de vídeo protagonizados por Geralt, admito conhecer pouco dos livros, falha que esta obra me incentivou a corrigir.

    O cínico Geralt exerce a sua profissão de caçador de monstros num mundo cheio de personagens ambíguas e meias verdades, servidas com uma camada subtil de reflexão e humor. Como seria de esperar, é difícil não se simpatizar um pouco com o lacónico Geralt, mas fiquei agradavelmente surpreendido por o ver acompanhado de personagens tão interessante como o irrequieto Torque, a astuta Calanthe, a sádica Renfri, o tagarela Ranúnculo e o meu favorito, Nivellen

    O facto de o livro ser, na prática, uma série de contos unidos por um fio condutor (um conto que une outros contos ou, se preferirem, uma narrativa preenchida por contos) torna o texto muito fluído. Adorei o modo como o autor pegou em certas lendas e criou versões abastardadas destas, tornando-as familiares e originais ao mesmo tempo.

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