Ataques inesperados no seio da comunidade grega em Istambul parecem coincidir com a chegada de um arqueólogo francês em busca das últimas relíquias bizantinas. Além disso, o ambiente que se vive na cidade é instável, já que o sultão está às portas da morte. Cabe, pois, a Yashim Togalu encontrar a solução para um mistério onde diferentes interesses se confundem e ele próprio é um possível suspeito.
Tal como no livro anterior, a grande força desta narrativa reside na visão abrangente que o autor apresenta para o que seria a vida na Istambul do século XIX. Desde os hábitos culinários de Yashim, aos seus contactos no palácio e à visão de um cenário perante uma mudança iminente, o autor constrói um mistério cativante, ao mesmo tempo que apresenta relações políticas, regras de convivência e gestos do quotidiano das muitas personagens que se cruzam ao longo desta história.
Não há propriamente uma grande exploração emocional nesta narrativa. Na verdade, e apesar das situações de perigo (e de alguns momentos de maior empatia), os caminhos que Yashim segue para a resolução do mistério são, na sua essência, racionais. Ainda assim, há algo de intrigante na forma como o protagonista, reservado por natureza, revela na sua necessidade de prestar auxílio, o melhor dos seus valores. Valores que se reflectem também nas suas peculiares amizades.
De referir, por último, a forma como, entre o mistério principal e a vida de personagens já conhecidas do livro anterior, o autor consegue apresentar algumas surpresas, ao mesmo tempo que deixa em aberto uma certa curiosidade quanto ao futuro das principais figuras do enredo, resolvendo o enigma de uma forma bastante clara, mas também com um toque de inesperado.
Cativante principalmente pela caracterização da cidade e dos que nela vivem, A Serpente de Pedra apresenta também um mistério intrigante, que, com as suas personagens peculiares e um rumo, por vezes, inesperado, resulta, no fim de tudo, numa leitura agradável.
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