sexta-feira, 30 de março de 2012

As Garras da Águia (Simon Scarrow)

Roma continua determinada a conquistar a Britânia, mas a campanha não pode prosseguir enquanto o Inverno não terminar. Entretanto, a resistência é mais feroz que nunca e quando circunstâncias infelizes permitem aos druidas da Lua Negra capturar a família do general Aulo Pláucio, a acção tem de ser rápida e eficaz, caso contrário as consequências são imprevisíveis. É assim que, graças aos seus feitos anteriores, Macro e Cato são escolhidos para uma aventura perigosa, contando apenas com a sua capacidade de sobrevivência... e dois improváveis companheiros.
Ao comparar As Garras da Águia com os livros anteriores, há, desde logo, uma diferença que se destaca: a componente de intriga e conspiração passa claramente para segundo plano, sendo mais desenvolvidas as rotinas e as dificuldades na vida das legiões (principalmente na fase inicial) e, depois, a aventura mais particular dos dois protagonistas. O resultado disto é uma linha narrativa mais simples, mas igualmente envolvente, até porque as figuras que a protagonizam são já familiares e as suas melhores características continuam presentes em força.
A nível de desenvolvimento e crescimento de personagens, é Cato quem mais se evidencia. Permanecem evidentes as contradições entre o meio de onde veio e a dura vida das legiões, mas o tempo que passou fê-lo crescer e as novas experiências narradas neste livro potenciam esse mesmo crescimento. Além disso, Cato tem um papel fundamental a desempenhar ao longo de toda a história e a forma como os valores que trouxe do passado se moldam à vida de legionário são também o que define as suas melhores acções.
O ritmo é, na globalidade, relativamente pausado, mas cresce em intensidade com o evoluir do enredo e o desenvolvimento de maiores momentos de tensão. À medida que novas complicações surgem, a empatia que era tão evidente nos volumes anteriores e que se atenua um pouco nos primeiros capítulos deste livro. volta a surgir, abrindo-se também a novas personagens - e aqui as peculiaridades da interacção com Prasutago proporcionam momentos particularmente bons. Cria-se, assim, um interessante equilíbrio entre uma relativa sobriedade das interacções no interior das legiões e um lado mais empático, em que a emoção (e também o humor) se evidenciam, quando a situação se torna mais pessoal.
Escrita cativante, personagens bem construídas e uma história que se mantém envolvente ao longo de todo o livro para culminar num final particularmente bom, As Garras da Águia constitui uma interessante continuidade para uma série cheia de potencial. Menos complexo que os volumes anteriores, mas igualmente envolvente, uma boa leitura.

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