quinta-feira, 8 de março de 2012

A Sombra da Noite (Nora Roberts)

Deborah O'Roarke sempre acreditou na lei e é ao fazer bem o seu trabalho de promotora pública que julga contribuir para um mundo melhor. Mas há quem julgue que há outras vias. Sozinho na sombra da noite, o enigmático Némesis encontrou a sua própria forma de lutar contra o crime, independentemente do que a lei possa ter a ver com o assunto. E, quando os caminhos de ambos se cruzam, não são apenas os pontos de vista divergentes que despertam o interesse um do outro. É atracção... ou algo mais.
Não é surpresa nenhuma que o romance seja - como na maioria dos livros desta autora - o ponto principal da narrativa. Ainda assim, não é o único nem o mais interessante e aqui está um dos aspectos mais cativantes da história. Mais que a paixão e o desenrolar das relações amorosas ao longo do livro, é no toque de mistério proporcionado por Némesis, na dedicação de Deborah ao seu trabalho e na história passada do intrigante Gage Guthrie que estão os melhores momentos desta história.
A escrita é bastante simples e toda a narrativa decorre num certo tom de leveza. Ainda assim, surgem, por vezes, algumas questões interessantes, principalmente a nível de como o poder e a influência podem alterar a eficiência da justiça e no que toca às "zonas cinzentas" do que é correcto ou não, consoante o ponto de vista de quem observa. Claro que também há muito de romance, e, neste aspecto, há bons momentos e também situações previsíveis, mas é na história para lá do romance que está o melhor deste livro.
Também no que toca à caracterização de personagens há pontos bons e pontos maus. Deborah é, de forma geral, uma personagem carismática, com uma personalidade forte e uma vincada determinação em seguir aquilo em que acredita, quer no trabalho, quer na vida pessoal. Já Gage cria sentimentos contraditórios: a história que o moldou na personagem que é apresentada cria uma certa empatia, mas há atitudes ao longo da narrativa, principalmente a nível de secretismo e de uma certa dominância disfarçada de instinto protector, que acabam por ser um pouco excessivos. Criam-se entre os protagonistas vários bons momentos no decorrer da história, mas há alguns em que a tal dominância se torna algo irritante.
A impressão final que fica deste A Sombra da Noite é, portanto, a de uma leitura simples, leve, onde o romance é o foco central, mas são os elementos de mistério os pontos mais interessantes. Longe de ser uma obra-prima, tem, ainda assim, os seus momentos bons, não deixando de ser uma leitura agradável para descontrair.

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